quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Pedro Oom


Pedro dos Santos Oom do Vale nasceu em Santarém a 24 de Junho de 1926, mas aos 2 anos acompanha a família que vai para Setúbal onde se manteve até aos 11, idade em que vai para Lisboa.

Poderá dizer-se que Pedro Oom é um scalabitano quase por acidente, pois os seus pais, possivelmente, teriam passado por esta cidade devido à profissão de seu pai.

O interesse do pai para o seu ingresso no Colégio Militar frustrou-se, pelo que admito que teria uma carreira militar e daí a passagem esporádica por Santarém.

A vocação do jovem não estava virada para essa actividade e acaba por ingressar na Escola de Artes Decorativas António Arroio onde conhece entre outros, Júlio Pomar, Vespeira, Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas.

Inicialmente aderiu ao neo-realismo, mas na década de 40 encontrava-se na corrente surrealista.

Foi o mentor teórico do Abjeccionismo e o autor do manifesto redigido em 1949.

Falecendo o pai, aos 24 anos ingressa nos quadros do Instituto Nacional de Estatística, afastando-se de toda a actividade artística e literária ligada ao surrealismo.

Em substituição desta actividade, dedica-se com entusiasmo ao xadrez onde se distinguiu.

Em 1962 cessa funções no INE mas dois anos depois ingressa no Ministério da Educação onde se dedicou a estudos de estatística sobre o ensino.

Enquanto uns afirmam que faleceu num restaurante no dia 26 de Abril de 1974, quando comemorava os acontecimentos do dia anterior com alguns amigos próximos, José Jorge Letria dá-o como falecido no dia 30, vítima de ataque cardíaco no aeroporto da Portela no regresso do exílio em Paris de José Mário Branco, Luís Cília e Álvaro Cunhal.

Só em 1980 a sua obra literária (poética e panfletária) alicerçada no surrealismo, dispersa por jornais e revistas, foi reunida e publicada em dois volumes (Actuação Escrita).

Pedro Oom que tinha conhecimento das reuniões preparatórias do golpe militar do 25 de Abril, tinha projectado com outros camaradas viver numa comuna e serem auto-suficientes, chegando a visitar terrenos no Ribatejo. O utópico projecto morreu com ele.

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N.B. Tenho encontrado com muita frequência na bibliografia temática a indicação de naturais de Santarém, o que muitas vezes verifico não ser verdade, uns de tempos recuados que não posso confirmar e outros de tempos relativamente recentes que tiveram o seu nascimento noutras terras. Possuo um grupo relativamente numeroso que ainda não consegui identificar onde nasceram.