terça-feira, 16 de julho de 2013

Rafael Duque



Rafael da Silva Neves Duque é um ribatejano nascido no concelho de Torres Novas, mais propriamente no lugar da Mata, freguesia de Chancelaria, o que aconteceu em 23 de Setembro de 1893. Era filho de João da Silva Duque, proprietário e de Ana Rosa das Neves.

Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde foi aluno na cadeira de Economia do Doutor António de Oliveira Salazar, com quem travou laços de amizade, cujo professor era mais velho apenas quatro anos.

Após o curso, exerce advocacia nomeadamente em Torres Novas, onde se instala e ainda emTomar, Golegã e Santarém.

Casa em 1920 com uma senhora da freguesia do Chouto, concelho da Chamusca e tornam-se proprietários de uma importante casa agrícola do concelho.

Na 1ª República exerceu o cargo de chefe de gabinete do Ministro do Trabalho, que era seu primo.

Tornou-se militante do Partido Nacionalista, em cujas listas foi candidato a deputado ao Congresso da República (1925).

Foi governador civil do distrito de Leiria em 1924.

Adere abertamente ao golpe do 28 de Maio de 1926 e ajuda à instalação da Ditadura Nacional e é Presidente da Câmara Municipal da Chamusca de 1926/29, fazendo regressar ao concelho a freguesia de Vale de Cavalos que se encontrava no concelho de Alpiarça, além de se proceder ao abastecimento de água e energia eléctrica.

Foi Ministro da Agricultura (1934-1940) sendo preponderante o seu papel no estabelecimento das políticas agrária e cerealífera do Estado Novo e na Campanha do Trigo. Foi igualmente responsável pelo Ministério da Economia (1940-1944).

Em 1935 cria o Grémio dos Produtores de Frutas da Região de Vila Franca de Xira, autorizando a aquisição nos viveiros nacionais ou estrangeiros de 300 000 árvores, arbustos e plantas herbáceas para enriquecer o sistema florestal do país. No ano seguinte manda constituir brigadas móveis do Ministério da Agricultura sedeadas em nove cidades.

Está presente na qualidade de Ministro na inauguração da 1ª Exposição-Feira do Distrito de Santarém, nesta cidade.

Em 1938 extingue a Federação de Sindicatos Agrícolas do Norte de Portugal, considerando que se tinha desviado dos fins para que fora criada. Mais sindicatos agrícolas são extintos, entre os quais Porto de Mós. Sardoal e Lourinhã.

Fixa em 1942 o preço máximo do sal posto na marinha.

Foi dirigente associativo pertencendo à Federação dos Vinicultores do Centro e Sul de Portugal (1936-1937), deputado à Assembleia Nacional (1938-1944) e procurador à Câmara Corporativa(1945-1969).

É devido à sua acção política que se procede à plantação do “Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa.

Inicia, entretanto, outro período de actividade, sendo membro do conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (1945 / 46), delegado do Governo junto do Banco Nacional Ultramarino (1950/55) e Governador do Banco de Portugal (1957/63) pois atinge o limite de idade.

Regressa à Chamusca em 1965 ali falecendo em 28 de Abril de 1969.

Enquanto a placa toponímica na Chamusca foi arreada depois do 25 de Abril, mantém-se numa rua de Lisboa.
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Boletim da Junta de Província do Ribatejo, 1937 – 40, pág. 627

História de Portugal, Joaquim Veríssimo Serrão, Vols. XIV e XV

Rafael Duque ainda é nome de rua em Lisboa. Na Chamusca a placa caiu em 25 de Abril – O Mirante

App.parlamento.pt (cons.15.07.2013)

Os procuradores da Câmara Corporativa (1935 – 1974).

Centro de Estudos do Pensamento Político

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domingo, 14 de julho de 2013

Gabriel Soares de Sousa


 Teria nascido em Punhete, actual vila de Constância, por volta de 1540.

Filho de família nobre, chega ao Brasil em 1568/69 na Armada de Francisco Barreto.

Uma vez na Baía, instala nas margens do rio Jeriquiçá um engenho de açúcar e casa, vivendo por esses lados mais de dezoito anos.

O seu irmão João Coelho de Sousa, que já lá se encontrava, foi explorando o rio São Francisco e referiu-lhe a possibilidade de existência de minas preciosas. Organiza entretanto, um roteiro de minas de prata da região de Minas Gerais.

Em 1584 vem ao Reino requerendo a Filipe I a concessão dessas minas e apesar das dificuldades encontradas consegue obter. É nomeado governador e capitão-mor da conquista das Minas. Enquanto aguarda as decisões reais, escreve (1587) um tratado, “Tratado Descritivo do Brasil”e oferece um manuscrito ao Ministro Cristóvão de Moura, possivelmente, para justificar e influenciar na decisão pretendida.

Em 1591 regressa ao Brasil com o intuito de prosseguir a descoberta da rota do rio São Francisco. Faz-se acompanhar de 360 colonos e quatro religiosos carmelitas, próximo da costa Brasileira a embarcação naufragou morrendo muita gente.

Seguiu para a Baía com o auxílio do Governador Francisco de Sousa, recompôs a expedição que tinha planeado e explora as margens do rio Paraguaçu viajando pelo interior do país em busca de metais preciosos, percorrendo cerca de 600 km.

Atacado de febre, morre próximo da nascente do rio junto do seu guia índio, perto do lugar onde sete anos antes tinha sucumbido o irmão.

O seu corpo foi transportado para a Baía e depositado no Mosteiro de S. Bento. Sobre a lápide, o seguinte epitáfio “ Aqui jaz um pecador”.

O “Tratado Descritivo do Brasil”esteve inédito até ao século XIX e tem sido publicado com títulos diferentes.

O texto veio a ser conhecido por Diogo Barbosa Machado que deu notícia da existência da obra.

José Mariano da Conceição Veloso deu início à sua publicação com o título “Descrição Geográfica da América Portuguesa”, mas a edição foi interrompida. Em 1825 a Academia Real das Ciências resolveu mandar imprimi-la, seguindo-se, naturalmente, outras edições sobretudo no Brasil onde continua a ser estudada.

Constitui um manancial de informação em vários aspectos, geográficos, botânicos, zoológicos, históricos, sociais, económicos e etnográficos entre outros, retratando minuciosamente o Brasil dessa época, constituindo uma verdadeira enciclopédia.

Os críticos põem em relevo a variedade dos assuntos abrangidos, a atenção, minúcia e técnica com que os aborda, tomando em consideração os conhecimentos desse tempo.

É grande o mérito dessa obra.

Extremamente versátil, é apresentado como agricultor, comerciante, empresário, colonizador, navegador, sertanista e ao mesmo tempo como botânico, zoólogo, geólogo, etnógrafo e historiador.

Desempenhou as funções de vereador na Câmara de Salvador (da Baía).

Gabriel Soares de Sousa é considerado o mais importante cronista do século XVI sobre o Brasil, coube a Varnhagen reeditar o seu trabalho em 1851, corrigindo os erros da primeira publicação. Em 1939 reedita-se novamente havendo, entretanto, novas edições.
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O Grande Livro dos Portugueses Esquecidos, Joaquim Fernandes, Círculo dos Leitores – Temas e Debates, 2008

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

Enciclopédia Mirador Internacional, Vol. 11, São Paulo – Rio de Janeiro, Brasil, 1981

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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Infante D. Duarte


Conhecido também por Infante D. Duarte de Portugal, por D. Duarte II, sendo o I seu pai e ainda por D. Duarte de Bragança.

5º Duque de Guimarães, nasceu em Almeirim em Março de 1541, filho do Infante D. Duarte, que lhe transmitiu o título e de D. Isabel, filha do 4º Duque de Bragança, D. Jaime.

Era neto paterno de D. Manuel I e consequentemente sobrinho de D. João III.

Em 1555 tornou-se o 10.º Condestável de Portugal. Quando o rei D. João III  morreu, D.Duarte era um dos três descendentes masculinos legítimos vivos do rei D. D. Manuel I (para além do seu primo, o rei D. Sebastião e de seu tio, o cardeal-infante D. Henrique).

Teve lugar de privilégio na corte de D. João III e na de D. Sebastião, seu 2º primo, manteve posição de destaque.

D. Sebastião tratou-o sempre com o respeito que lhe era devido, pois ocupava posição cimeira na hierarquia do Estado e tanto mais que sem o monarca e sem ele ficava extinta a descendência varonil de D. Manuel. Estava pois na linha da sucessão da Coroa.

Tanto D. Sebastião como D. Duarte foram filhos póstumos.

D. Catarina e o Cardeal D. Henrique, que eram seus tios, durante o período das suas regências, concederam-lhe apreço, tendo sido convocado com outras altas personagens por D. Catarina, para dar parecer sobre a sua sucessão ao marido como regente e tutora do neto, o Rei D. Sebastião, tendo-se expressado positivamente.

O Senhor D. Duarte, no Conselho de Estado, onde era membro, votou a favor de um possível casamento do jovem rei com Margarida de Valois, apesar de ir contra o desejo do rei.

Como Condestável do Reino, foi-lhe entregue o comando da esquadra que se preparava para participar na Santa Liga e ocupou lugar de destaque na comitiva que acompanhou na jornada que fez ao Alentejo e ao Algarve, em 1573, tal como no ano seguinte ao norte de África.

O Senhor D. Duarte tinha grande interesse pela música e tinha junto do povo grande popularidade, circunstância que parece não ter agradado a D. Sebastião. Não tendo sido convidado pelo rei para uma tourada realizada em Xabregas (Lisboa), retirou-se da Corte e foi viver para Évora, onde veio a falecer em 28 de Novembro de 1576, com trinta e cinco anos, solteiro e sem deixar filhos.

Duarte II tinha duas irmãs mais velhas, a Infanta D. Maria (1538-1577) que casou com Alessandro Farnese, Duque de Parma e Piacenza e a Infanta D. Catarina (1540-1614) casada com D. João I, Duque de Bragança, que herdou os direitos de seu irmão ao Ducado de Guimarães.

Após a morte do Cardeal-rei, D. Henrique, foi pretendente ao trono português, sendo considerada por alguns juristas como a candidata com mais direitos.

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Dicionário Ilustrado da História de Portugal - Publicações - Alfa
História de Portugal, Vol. III - Joaquim Veríssimo Serrão
Uma Jornada ao Alentejo e ao Algarve - Francisco de Sales Loureiro - Livros Horizonte - 1984
Reis e Rainhas de Portugal - Manuel de Sousa - 2ª Edição – 2001
"Nobreza de Portugal e do Brasil" – Vol. I1. Publicado por Zairol Lda., Lisboa 1989
Brasões da Sala de Sintra (Vol.III), Anselmo Braamcamp Freire, Imprensa Nacional-Casa da Moeda
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terça-feira, 9 de julho de 2013

"Guia de Santarém"


O conhecimento da existência deste guia turístico vem dos tempos da nossa adolescência, altura em que nos começámos  a interessar por estes assuntos e isto porque líamos na imprensa local, mais propriamente, no Correio do Ribatejo referências a ele feitas pelos historiadores locais.

Nesses tempos não havia professores que nos mandassem às bibliotecas fazer qualquer consulta, para a realização de trabalhos, possivelmente, isso seria considerado subversivo.

Quando passávamos na “Rua da Amargura”, olhávamos sempre para aquele palácio onde se encontra a Biblioteca Municipal, edifício doado ao município para esse efeito por Anselmo Braamcamp Freire, historiador e genealogista. Tínhamos medo de subir as escadas e de perguntar fosse o que fosse.

No Liceu havia uma biblioteca, mas nunca conhecemos nenhum aluno que lá tivesse feito qualquer leitura. Ainda hoje há quem compre enciclopédias para encher a estante ficando assim o espaço com boa apresentação. Um gerente de uma livraria dizia-nos que isto era vender livros a metro!

Das poucas vezes que recorremos à biblioteca de Santarém nunca o fizemos para consultar este livrinho, onde possivelmente existirá, pois os motivos eram outros.

Já fizemos uma pequena referência neste espaço a José Ozório, o autor deste guia e em que indicámos, entre outras coisas que foi autor de um Guia de Santarém.

Acontece que recentemente num alfarrabista encontrámos o livrinho que tivemos oportunidade de consultar e até de adquirir e que obviamente já lemos.

No formato de 11X17 cm comporta 144 páginas, teve por editor, J. Cardoso da Silva, Santarém e veio a público em 1924.

Abre com um mapa da cidade, é ilustrado com gravuras que já eram do nosso conhecimento pois foram fazendo parte de várias obras editadas e de jornais e revistas, constituindo zincogravuras, processo então usado.

Além da referência aos templos da cidade, a lugares de interesse histórico, alude a terras circunvizinhas como Alcanhões, Almoster, Almeirim, Alpiarça, Azóia de Baixo, Cartaxo e Vale de Santarém, além de muitas indicações úteis e curiosas como Feiras, mercados e romarias, Imprensa periódica, na altura os semanários O Debate e Correio da Extremadura, actual Correio do Ribatejo, a Bibliografia sobre a cidade e até o número das badaladas que indicavam em que lugar se estavam a dar os incêndios.

Nas três páginas que dedica a Santarenos ilustres, entre muitos, apenas refere João Afonso de Santarém e Guilherme de Azevedo e apresenta fotografias dos Drs. Abel Anacoreta e Eduardo Santos, médicos falecidos em 1913 e que foram seus amigos.


É curioso verificar que as últimas 139 páginas são ocupadas por anúncios da mais variada origem e que nos dá a conhecer o comércio e a indústria locais. Naturalmente que tal receita ajudou a suportar os custos da edição.

domingo, 7 de julho de 2013

Infante D. Afonso


Segundo filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre foi o primeiro varão e consequentemente o primeiro na via de sucessão a seu pai como rei de Portugal.

Nasceu no paço real de Santarém no dia 30 de Junho de 1390 e foi baptizado a 3 de Outubro na então vila na velha Igreja de Santa Maria de Alcáçova, onde existia a primeira estátua de D. Afonso Henriques, hoje fazendo parte do Museu do Carmo.

O nome que lhe puseram esteve relacionado, certamente, com o dos seus ascendentes, que muito pugnaram para a fundação no aspecto bélico: D. Afonso Henriques, D. Afonso II, D. Afonso III e D. Afonso IV.

Nas Cortes de Évora de 1390-1391 foi jurado sucessor do trono, sendo seus procuradores o Condestável e o Mestre da Ordem de Cristo, D. Lopo Dias de Sousa, ficando assegurada a fidelidade da nobreza ao futuro herdeiro do trono.

Quando nasceu, D. João I festejou o acontecimento com justas reais, ou seja torneios da época que consistiam numa competição entre dois cavaleiros com armaduras de protecção, normalmente montados em cavalos, usando vários tipos de armas, nomeadamente, lanças.

Veio a falecer a 22 de Dezembro de 1400, por isso, com pouco mais de dez anos e foi sepultado na Sé de Braga, numa capela sob a torre sul.

O túmulo, recentemente reabilitado, estudado, veio da Flandres por encomenda da família real. É de um estilo gótico inédito composto por arca tumular, jacente e baldaquino. Os elementos em cobre existentes são revestidos por uma camada de ouro ou de prata e estão fixos a uma estrutura de madeira.

O príncipe herdeiro faleceu quando seguia acompanhado de sua mãe, a rainha D. Filipa de Lencastre, a caminha de Santiago de Compostela e possivelmente daí o ter ficado sepultado naquela cidade.
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D. João I, Maria Helena da Cruz Coelho, Temas e Debates, 2008.

Dicionário de História de Portugal, Direcção de Joel Serrão, Vol. II, Livraria Figueirinhas / Porto (Entrada Évora 3, Ruy de Abreu Torres).

Santarém – Raízes e Memórias – Páginas da Minha Agenda – Efemérides, José Campos Braz, 2000.

Dicionário de História de Portugal Ilustrado, Círculo de Leitores, Vol I, 1982.

http://bragamaior.blogspot.pt/2012/07/santiago-em-braga-o-tumulo-do-infante-d.html - Cons. 2.6.2013.