Enquanto Zeferino Brandão e Virgílio Arruda na sua peugada dizem ter nascido em Santarém, outros dão-no como tendo visto a luz do dia em Torres Novas, o que parece ser mais seguro, casando contudo em Santarém.
É nesta então vila que exerce a função de inquiridor do Juízo Cível mas em 1565 já exercia a magistratura em Lisboa.
Dedicou-se ao teatro escrevendo sete autos: o da Ave-Maria, o do Procurador, o do Desembargador, o dos Dois Irmãos, o da Ciosa, o do Mouro Encantado e o dos Cantarinhos.
Os seus trabalhos de teatro demonstram uma atenta observação do meio social e na linha de Gil Vicente.
Os seus autos aparecem compilados com outros em 1587 e reunidos por Afonso Lopes
Dirigida por Tito de Noronha aparece uma 2ª Edição em 1871 e que parece comportar variadíssimos erros.
A sua obra é controversa e por isso tem merecido opiniões desencontradas. Se para uns a sua poesia tem pouca valia, para outros é considerado entre os grandes que lamentam o esquecimento para que tem sido relegado.
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Monumentos e Lendas de Santarém, Zephyrino Brandão, Lisboa, 1883.
Santarém no Tempo, Virgílio Arruda, 3ª Edição, 1999.
Verbo, Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, vol. XV.
Dicionário Bibliográfico Português, Inocêncio P. da Silva, Vol I (1858) e Vol.(1867)
http://www.fl.ul.pt/cet-publicacoes/cet-livros/780-autos-de-antonio-prestes
sábado, 17 de março de 2012
segunda-feira, 5 de março de 2012
Costa Pinto
Júlio da Costa Pinto de seu nome completo, ainda que muito ligado a Santarém para onde foi de tenra idade, nasceu em Torres Novas, freguesia do Salvador em 1883, filho de Manuel Pinto da Costa e de Delfina de Jesus Costa.
Aos 12 anos passa a frequentar o Colégio Militar onde foi colega do Príncipe Real D. Luís Filipe.
Quando da visita a Santarém de D. Carlos e de D. Amélia devido à tragédia ocorrida no Clube Artístico de Santarém, pelo Carnaval de 1896, contacta pela primeira vez com a Rainha D. Amélia.
O seu pai era capitão do Corpo de Almoxarifes e prestou serviço no Presidiu Militar de Santarém.
Seguiu a carreira das armas e embarcou para Angola onde foi ajudante de campo do Major Alves Roçadas, oficial às ordens de Henrique Paiva Couceiro e de João de Almeida.
Em 1908 é proposto ao Governo Interino da Província de Angola que fosse agraciado com a Ordem de Torre e Espada de Valor e Lealdade e Mérito por feitos de heroísmo.
Com a Implantação da República foi expulso do exército pelo Governo Provisório de 1911 pelas suas convicções monárquicas que mantém até ao fim da vida.
Envolve-se em incursões e revoltas no sentido do restabelecimento da monarquia.
Em 1913 faleceu seu pai, Major Manuel Pinto da Costa e quando era 2º Comandante do Presídio Militar de Santarém.
Conhece por variadíssimas vezes a prisão acusado de conspirador e em 1917 acaba por ser expulso do País, exilando-se em Madrid.
O exílio termina com a subida ao poder de Sidónio Pais, situação que legitima com outros monárquicos.
Trabalhou no jornal monárquico O Liberal de que foi editor.
Em 1919 envolveu-se na Revolta de Santarém e no Movimento de Monsanto pelo qual foi julgado e preso.
Quando visitava Santarém encontrava-se com alguns dos seus amigos, como o jornalista João Arruda e Laurentino Veríssimo, ambos republicanos e com quem participou na organização do Congresso Ribatejano.
Em 1922 ingressou na firma Vacum Oil, companhia que o homenageou em 1942.
Por sua acção éfoirecuperada a Capela de Nª Sª do Monte em Santarém.
De 1945 a 1951 tornou-se secretário da Rainha D. Amélia.
Em 1946 o Ministro das Colónias, Marcelo Caetano, atribuiu-lhe a medalha de serviços relevantes quando já tinha sido reintegrado na carreira militar com o posto de capitão.
Foi irmão da Santa Casa da Misericórdia de Santarém a quem deixou os seus bens.
Grande amigo de Santarém, que tomou como sua terra adoptiva, foi defensor dos seus interesses na imprensa e em conferências, tomando a iniciativa de excursões a Santarém, em que serviu de guia.
Faleceu a 24 de Julho de 1969 em Lisboa e jaz no Cemitério de Santarém.
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Santarém no tempo, Virgílio Arruda, 1ª Edição, 1971
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“Júlio da Costa Pinto, Amigo de Santarém”, J.V.S. in Vida Ribatejana, Número Especial de 1965, p. 89
Pequena nota
Lembro-me perfeitamente desta figura, para mim, aparentemente austera, aos olhos de um jovem. Foi meu pai que me a referenciou com a matriz que confirmei mais tarde.
Segundo um amigo, mestre de encadernação e já falecido, este homem deu-lhe bastante trabalho com obras de reconhecido mérito.