Eduardo Duarte Ferreira foi um grande empresário metalúrgico
que nasceu em Tramagal (Abrantes) em 10 de Fevereiro de 1856 e que faleceu em
21 de Abril de 1948.
Originário de família muito pobre, não teve condições para
fazer a então 4ª classe, apesar de ter aprendido a ler e a escrever.
Era considerado pelos seus conterrâneos como um indivíduo de
“fraca inteligência” pelo que teve de ir aprender um ofício em terra alheia, o
que fez no Rossio ao Sul do Tejo, tendo escolhido a arte de ferreiro.
Aos 26 anos de idade consegue realizar um dos sues sonhos,
montar uma oficina de ferreiro, a que chamou “A Forja”. Esta oficina dedicou-se
ao fabrico de alfaias agrícolas, principalmente charruas, que se espalharam por
todo o país alcançando mesmo o país vizinho, principalmente a raia. O negócio
veio a desenvolver-se tornando-se numa das maiores unidades industriais do
país.
Naturalmente que nem tudo foram rosas e em 1900 a situação estava muito
delicada e foi a esposa que resolveu a situação entregando-lhe 300 mil réis que
tinha amealhado sem o conhecimento do marido.
Ferreira Duarte questionou-a pelo facto de ter tanto
dinheiro em casa, defendendo a sua máxima que o dinheiro não é para estar
parado.
Em 1920,
a firma instala-se junto à linha do caminho de ferro da
linha da Beira Baixa e passa a designar-se “Grande Fábrica de Metalúrgica”,
empregando já 250 operários.
O empreendorismo de Duarte Ferreira não para e três anos
depois transforma a firma numa sociedade por quotas, passando a designar-se
Duarte Ferreira & Filhos, continuando a expandir-se e a modernizar-se,
criando mesmo um laboratório químico e metalúrgico para investigação e ensaio
de materiais. Foi criado também um sistema de segurança social para protecção
dos seus funcionários.
A Firma passa em 1933/34 ao fabrico de enfardadeiras,
debulhadoras e de caixas de lubrificação para eixos de locomotivas a gasogénios
para automóveis.
Mais uma mudança se dá na firma e em 1947 passa a ser
designada por Metalúrgica Duarte Ferreira, SARL.
Em 1927, Eduardo Duarte Ferreira foi condecorado pelo
Presidente da República, Marechal Óscar Carmona, com a Comenda de Mérito
Agrícola e Industrial, tendo-se deslocado propositadamente à Vila do Tramagal
para o efeito.
A partir da sua morte a sociedade passa por diversas
transformações até à sua falência ocorrida em meados dos anos noventa, o que já
não faz parte desta nota biográfica.
No Miradouro da Penha foi construído um pequeno monumento
homenageando-o que engloba o seu busto.
A toponímia local regista o seu nome.
Diz-se, e parece ser um facto que houve uma altura em que
95% da povoação do Tramagal vivia da sua fábrica.
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Wikipédia, a enciclopédia livre
“O Comendador Eduardo Duarte Ferreira - Um grande
Ribatejano, Um grande Português,” J,M, Carvalho Henriques, revista Vida Ribatejana, Vila Franca de Xira,
1960, p. 88.
Jornal O Mirante
de 15 de Fevereiro de 2006.