Grande actor dos tempos da minha
juventude.
Ribatejano como eu, nasceu em Vila Franca de Xira a
24 de Abril de 1901.
Aos oito anos faz a sua estreia
no teatro de amadores. Durante vinte anos ocupa-se em impulsionar o teatro na
sua terra natal, no Grupo Cénico Vila-Franquense, onde participa como actor e
encenador.
Apesar disso, não deixa de
colaborar com outros grupos como o Grupo Dramático e Beneficente Afonso de
Araújo, aparecendo ao lado de Rodolfo dos Santos e de José Maria Guedes Júnior,
como co-autor e encenador da revista “Sem Pés nem Cabeça” que foi levada à cena
em 1927.
Ao comemorar os seus 31 anos,
sobe ao palco para representar a peça de autoria de Faustino Reis Sousa, “ A
SESTA” e fá-lo ao lado de Alves Redol, que representava o papel de Manuel, o
maioral e de Alda Câncio Tarracha, que era a ceifeira Maria Rosa.
O papel de abegão era
representado por Domingos Barreto Poeira.
Esta peça reproduzia os costumes
do homem da borda d ‘água e volta a ser representada na 1ª Festa do Colete
Encarnado e com o mesmo elenco
Despede-se do Grupo Cénico do
Clube Vila-franquense em fins de 1932
com a peça de Linares Rivas, “Cobardias”.
Fez parte do Clube Estefânia de
Lisboa e ainda como amador continua a representar.
Em 1938 entra no cinema, no filme
“A Canção da Terra” de Jorge Brum do Canto, onde as críticas lhe são muito
favoráveis, passando do anonimato a primeira figura do cinema português,
segundo o crítico Artur Portela.
Inicia-se assim a longa série de filmes em que entrou. “Porto
de Abrigo” (1940) de Adolfo Coelho, “Fátima, Terra de Fé”, realizado por Jorge
Brum do Canto “Amor de Perdição”, trabalho de António Lopes Ribeiro, ambos de
1943, no ano de 1944 e novamente pelas mãos de Brum do Canto entra no “Um Homem
às Direitas”onde obtém grande êxito e seguidamente faz parte do elenco numa
co-produção Luso-Espanhola “O Diabo são Elas”do realizador Ladislao Vajda. Em 1946
é a vez de “Cais do Sodré” de Alejandro Perla e “Um Homem do Ribatejo” de
Henrique Campos, se a memória não me falha, estreado em Santarém, de onde era
natural o realizador. Eu tinha apenas oito anos e recordo-me, perfeitamente, do
reboliço que houve na cidade.
Em 1947 volta ao teatro, mas agora como profissional,
fazendo o protagonista na peça “Ana Cristina” do dramaturgo americano Eugene O
‘ Neil e que teve lugar no palco do Teatro Avenida em Lisboa. Nesse ano
entra no filme “Rainha Santa” de Rafael Gil e Aníbal Contreiras e em “Viela Rua
Sem Sol” de Ladislao Vajda.
Começa então a alternar o cinema
com o teatro e mais tarde, quando aparece, com a televisão.
“Heróis do Mar” de Fernando
Garcia e “Vendaval Maravilhoso”, (com Amália Rodrigues) de Leitão de Barros são
os filmes onde actua em 1949. Desempenha o papel de Romeiro no filme “Frei Luís
de Sousa” realizado por António Lopes Ribeiro (1950).
O último filme em que actua é
realizado em 1965 por Manuel Guimarães e tem por título “O Trigo e o Joio”.
A nível televisivo e nas Noites
de Teatro da RTP, quando tudo ainda era em directo, entre muitas peças, Barreto
Poeira fez parte do elenco de “A Sapateira prodigiosa” de Frederico Garcia
Lorca, contracenando com Amália Rodrigues, Costinha, Paulo Renato, Varela Silva
e Fernanda Borsatti com realização de Fernando Frazão (1968).
Domingos António Barreto Poeira faleceu
em Lisboa a 30 de Outubro de 1980, esta grande figura que ombreou com os
melhores na arte de representar.
O seu nome faz parte da toponímia
de várias povoações, nomeadamente, na sua terra natal.
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