sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Duarte Ferreira



Eduardo Duarte Ferreira foi um grande empresário metalúrgico que nasceu em Tramagal (Abrantes) em 10 de Fevereiro de 1856 e que faleceu em 21 de Abril de 1948.

Originário de família muito pobre, não teve condições para fazer a então 4ª classe, apesar de ter aprendido a ler e a escrever.

Era considerado pelos seus conterrâneos como um indivíduo de “fraca inteligência” pelo que teve de ir aprender um ofício em terra alheia, o que fez no Rossio ao Sul do Tejo, tendo escolhido a arte de ferreiro.

Aos 26 anos de idade consegue realizar um dos sues sonhos, montar uma oficina de ferreiro, a que chamou “A Forja”. Esta oficina dedicou-se ao fabrico de alfaias agrícolas, principalmente charruas, que se espalharam por todo o país alcançando mesmo o país vizinho, principalmente a raia. O negócio veio a desenvolver-se tornando-se numa das maiores unidades industriais do país.

Naturalmente que nem tudo foram rosas e em 1900 a situação estava muito delicada e foi a esposa que resolveu a situação entregando-lhe 300 mil réis que tinha amealhado sem o conhecimento do marido.

Ferreira Duarte questionou-a pelo facto de ter tanto dinheiro em casa, defendendo a sua máxima que o dinheiro não é para estar parado.

Em 1920, a firma instala-se junto à linha do caminho de ferro da linha da Beira Baixa e passa a designar-se “Grande Fábrica de Metalúrgica”, empregando já 250 operários.

O empreendorismo de Duarte Ferreira não para e três anos depois transforma a firma numa sociedade por quotas, passando a designar-se Duarte Ferreira & Filhos, continuando a expandir-se e a modernizar-se, criando mesmo um laboratório químico e metalúrgico para investigação e ensaio de materiais. Foi criado também um sistema de segurança social para protecção dos seus funcionários.

A Firma passa em 1933/34 ao fabrico de enfardadeiras, debulhadoras e de caixas de lubrificação para eixos de locomotivas a gasogénios para automóveis.

Mais uma mudança se dá na firma e em 1947 passa a ser designada por Metalúrgica Duarte Ferreira, SARL.

Em 1927, Eduardo Duarte Ferreira foi condecorado pelo Presidente da República, Marechal Óscar Carmona, com a Comenda de Mérito Agrícola e Industrial, tendo-se deslocado propositadamente à Vila do Tramagal para o efeito.

A partir da sua morte a sociedade passa por diversas transformações até à sua falência ocorrida em meados dos anos noventa, o que já não faz parte desta nota biográfica.

No Miradouro da Penha foi construído um pequeno monumento homenageando-o que engloba o seu busto.

A toponímia local regista o seu nome.

Diz-se, e parece ser um facto que houve uma altura em que 95% da povoação do Tramagal vivia da sua fábrica.
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Wikipédia, a enciclopédia livre
“O Comendador Eduardo Duarte Ferreira - Um grande Ribatejano, Um grande Português,” J,M, Carvalho Henriques, revista Vida Ribatejana, Vila Franca de Xira, 1960, p. 88.
Jornal O Mirante de 15 de Fevereiro de 2006.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Rodrigo Zagalo Nogueira


Rodrigo Zagalo Nogueira teria nascido em Tomar a 9 de Dezembro de 1819, ainda que lhe sejam dadas outras naturalidades como muitas vezes acontece, neste caso, Braga, Lisboa e Açores.

A Movimentação dos pais por motivos profissionais como parece ser este o caso, dá, por vezes, origem a estes factos.

Era filho de Manuel Joaquim Nogueira, fidalgo da Casa Real, comendador da Ordem da Conceição e foi juiz na relação dos Açores.

Foi com os pais para a ilha Terceira com três anos de idade só saindo de lá para cursar medicina.

Foi médico cirurgião, formado pela Universidade Médica de Lisboa, hoje Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.

Na Universidade Católica de Lovaina fez o doutoramento em 1840.


Universidade Católica de Lovaina

Regressou à sua ilha após a conclusão do doutoramento, exercendo a profissão no Hospital de Santo Espírito na cidade de Angra do Heroísmo. Em 17 de Agosto de 1859 foi nomeado Cirurgião da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, por carta de mercê de D. Pedro V.

Além de um homem de ciência, foi grande benemérito, sendo conhecido como “o médico dos pobres”

Tornou-se sócio correspondente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa e da Academia Nacional de Cirurgia e Medicina de Cádis.

Ainda que seja referenciado como um político, não consegui encontrar nada sobre ele, admitindo, contudo, que tivesse sido um liberal, quando ser liberal significava ser de esquerda. Os “médicos dos pobres”, nunca conheci nenhum de direita, eram todos de esquerda.

Por renúncia de seu pai, é nomeado, por carta de 1 de Março de 1848, Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Escreveu:

A Breve Notícia (Preposições para serem defendidas na Escola Médico-cirúrgica de Lisboa, 1839;

Breves notícias sobre a topografia médica da cidade de Angra do Heroísmo, Angra do Heroísmo 1844.

Romances Históricos, por um brasileiro. Nova edição correcta, aumentada e seguida de algumas poesias soltas, Bruxelas, 1866.

Colaborou com artigos de ordem científica no Jornal das Ciências Médicas de Lisboa e de carácter geral na imprensa terceirense.

Desconhece-se a data do seu falecimento.

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:Wikipédia, a enciclopédia livre.
Dicionário Bibliográfico Português, Inocêncio Francisco da Silva, Tomo VII, Lisboa, 1862, p 183, 184.
Dicionário Bibliográfico Português, Inocêncio Francisco da Silva (Brito Aranha) Tomo XVIII, Lisboa, 1906, p.290, 291.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Tamagnini de Abreu




Fernando Tamagnini de Abreu e Silva nasceu em Tomar, freguesia de Santa Maria dos Olivais, no dia 13 de Maio de 1856.

Escolheu a carreira militar e assenta praça como voluntário no Regimento de Cavalaria 2 em 2 de Junho de 1873.

Assumiu o cargo de director da Escola regimental em 1891 e passados dois anos ingressou na Guarda Municipal de Lisboa.

Vinte anos mais tarde participou na Escola de Repetição seguindo depois para o Estado Maior das Armas e Inspecção de Cavalaria Divisionária. Em 1915 é nomeado Comandante interino da Brigada de Cavalaria.

É promovido a general ainda em 1915, 12 dias antes do general Norton de Matos assumir o Ministério da Guerra e é convidado por este a comandar a futura Divisão de Instrução que se concentrará em Tancos e a seguir Comandante do CEP (Corpo Expedicionário Português) (1917) que combateu na Flandres integrado no exército inglês na I Guerra Mundial. Tamagnini de Abreu era um general a quem foram elogiadas as qualidades de disciplina e comando militar. O Decreto n.º 2.938/1917 no seu Art.º 2-º Assumirá o comando do corpo expedicionário português o general Fernando Tamagnini de Abreu e Silva, que terá a competência que pelas leis e regulamentos em vigor é conferida ao comandante em chefe do exército em operações e usará como distintivo do seu pôsto e função, além das três estrelas de prata, o escudo da República.

A Batalha de La Lys tem lugar a 9 de Abril de 1918 e os portugueses encontravam-se em posições avançadas e o CEP foi destroçado por uma poderosa ofensiva alemã, resultando na morte de 400 portugueses e cerca de 7000 prisioneiros, ficando o CEP muito fragilizado. Era, precisamente, neste dia que estava prevista a substituição dos portugueses por ingleses.

O General Tamagnini de Abreu é substituído pelo General Garcia Rosado em 25 de Agosto e o armistício que põe fim à guerra é assinado em 11 de Novembro de 1918.

Desempenhou as funções de Comandante da 5ª Divisão do Exército e de Presidente do Supremo Tribunal de Justiça Militar.

Escreveu as suas memórias:”Os meus três Comandos” só dados a público em 2004 pela acção da historiadora Isabel Pestana Marques. O que nos vai valendo são estas mulheres e estes homens que acabam por evitar que desapareçam completamente testemunhos tão importantes da nossa história.

Presidiu à Comissão incumbida de rever a legislação relativa a mutilados e estropiados de guerra, bom como á de Comissão dos Padrões da Grande Guerra.

Tamagnini de Abreu é feito Grande Oficial da Ordem Militar de Avis, (1919) agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, (1919) com a Grã Cruz da Ordem Militar da Torre de Espada, de Valor, Lealdade e Mérito (1920) e a Grã Cruz da Ordem Militar de Avis. (1920).

Faleceu em Lisboa a 24 de Novembro de 1924.
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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

D. Manuel Mendes


Manuel Mendes da Conceição Santos, de seu nome completo, nasceu na freguesia de Olaia, concelho de Torres Novas em 13 de Dezembro de 1876. Era filho de Manuel Mendes e de Maria da Conceição Rodrigues Mendes.

Cedo se inclinou para a vida religiosa e ingressou no Seminário Patriarcal de Santarém. Concluídos estes estudos vai para Roma onde cursa o Ateneu de Santo Apolinário e se doutorou em Teologia.

É ordenado presbítero em 27 de Maio de 1899.

Regressa a Portugal e é professor no Seminário e no Liceu Nacional de Santarém.

É nomeado, entretanto, vice-reitor do Seminário da Guarda em 1915, de cuja Sé é feito Cónego.

 Em 9 de Dezembro desse ano é nomeado Bispo de Portalegre pelo Papa Bento XV. Permanece nesse lugar durante cerca de 4 anos até que em 4 de Junho de 1920 é nomeado Arcebispo Coadjutor de Évora, vindo a ocupar o lugar de Arcebispo Metropolitano por morte do seu antecessor, tendo entrado solenemente na sua Sé no dia 11 de Fevereiro de 1921 iniciando um novo trabalho, dando prioridade à formação do clero, onde passaram a funcionar Seminário, Casas Religiosas e Centros de Actividade Espiritual e Apostólica. Fundou a Congregação Diocesana das Irmãs da Santa Igreja e trouxe para Évora os Padres Salesianos em 1926.

Apanhou o período conturbado da 1ª República e utilizou a imprensa para defender os seus pontos de vista.

Destacou-se então como insigne pastor, com alguma actividade na imprensa durante os agitados tempos da I República. Em 9 de Dezembro de 1915 foi nomeado

Era grande devoto de Santa Teresinha de Jesus e trouxe para Portugal a 1ª imagem da então Beata, para a Sé de Évora.

Benzeu a 1ª pedra da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e coroou a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima.

Veio a falecer no exercício destas funções em 30 de Março de 1955 e ficou sepultado na Sé.

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Wikipédia – a enciclopédia livre.
História Eclesiástica de Portugal, P. Miguel de Oliveira, 1994

Simão Gomes

Teria nascido por volta de 1510 na aldeia do Marmeleiro, termo de Tomar e aprendeu com o pai a arte de sapateiro. Autodidacta, instruiu-se e cultivou-se devido à grande inteligência que possuía. Muito sabedor em tudo o que dizia respeito à religião, era um homem cheio de virtudes. Segundo a tradição, fez muitas profecias que se realizaram e daí ser conhecido pelo “Sapateiro Santo”.

Contemporâneo do Infante D. Luís, pai de D. António, Prior do Crato, do Cardeal Infante D. Henrique, mais tarde Rei de Portugal e do Rei D. Sebastião, foi muito considerado por eles, principalmente, por D. Sebastião que o chegou a ouvir em Conselho.

Era pessoa tratada com muito respeito e provas de estima.

Consta que D. Sebastião, indo em dia de grande solenidade à igreja de S. Roque, o meteu consigo dentro da cortina, o que só competia aos filhos e irmãos dos reis.

Sempre que podia esquivava-se às provas de estima com que o queriam presentear nunca pretendendo distinções e honrarias. Preferindo sempre viver na humildade com que nasceu.

Aos treze anos estava em Setúbal servindo o Duque de Aveiro e foi nesta altura que começou a revelar as suas tendências proféticas, pois parecia que uma voz falava por ele.

Veio a fixar-se em Évora, certamente, protegido pelo Cardeal Infante D. Henrique e lá se instala com a sua tripeça de sapateiro. Também é lá que arranja companheira.

Durante a estada em Évora, morando numa casa debaixo do Aqueduto da Prata, foi durante esse tempo guarda da Universidade daquela cidade.

Existindo alguma atribulação devido ao casamento, o cardeal-infante que o estimava convidou-o a mudar a sua residência para Lisboa. Aceite o convite, estabeleceu-se na Rua Larga de S. Roque, nas proximidades do Colégio da Companhia de Jesus e apesar de ter sido “nomeado” por D. Henrique enfermeiro dos seus criados, continuou a trabalhar na sua arte de sapateiro para os mais desfavorecidos. Simão Gomes acabou por pedir escusa daquelas funções e em compensação o Cardeal nomeou-o seu escudeiro e sapateiro pessoal.

Como a peste grassava em Lisboa, o sapateiro-santo procura refugiar-se em Punhete com sua mulher, mas não o deixaram entrar devido ao perigo de contágio, ele ou a companheira podiam vir afectados e por isso ficaram dez dias de quarentena.

Estando El-Rei em Tomar e desejando ir para Almeirim, os moradores de Punhete fizeram uma ponte de barcas no rio Zêzere por onde passou El-Rei e toda a fidalgia que o acompanhava e mais gente e foi então agasalhar-se nas Casas Nobres que possuía junto ao Tejo e que agora eram de D. Francisco de Sande, o que muito satisfez o rei.

Sabendo do conceito que o rei tinha por Simão Gomes, rogaram-lhe que pedisse a Sua Majestade que por sua mercê fizesse aquele lugar em vila pois tinha condições para isso.

Em comitiva e com Simão Gomes à frente, dirigiram-se à residência provisória do rei e quando este o viu demonstrou muita alegria e disse-lhe: “Aqui estais Simão Gomes?” e Agradeceu a toda a comunidade o que fizeram pelo séquito real e perguntou-lhe se o queria ir ver a Almeirim ou se queria dele alguma mercê.

Beijando-lhe as mãos, o sapateiro-santo não se fez rogado e disse-lhe: “Senhor, este lugar de Punhete é quase todo de meus parentes, e me agasalharam aqui, assim eles como a mais gente, com muita caridade por amor de Deus, pois vim como peregrino e faça-me Vossa Alteza mercê de querer, e mandar que daqui em diante seja vila e deixe se ser aldeia. Em resposta El-Rei disse:”Quero, mando que Punhete seja vila, com todos os privilégios, que por este título lhe pertencerem, e se lhe passe logo a provisão deste mercê, que Simão Gomes me pede”.

Alberto Pimentel refere que isto se teria passado em 1569, mas a verdade é que a elevação a vila teve lugar em 30 de Maio de 1571.

Entre outras profecias, são atribuídas a Simão Gomes a derrota de Alcácer-Quibir, a morte de D. Sebastião, o domínio espanhol e a restauração com a aclamação de D. João IV.

Faleceu a 18 de Outubro de 1576 aos 60 anos de pedra na bexiga e foi sepultado na igreja de S, Roque.

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Boletim da Junta de Província do Ribatejo, 1937-40, Director-Editor, Abel da Silva, 1940.

Portugal Antigo e Moderno, Dicionário (...) Augusto Soares d` Azevedo de Pinho Leal, Vol IX1880, p 572.

Ribatejo, Casos e Tradições – II Vol." de Francisco Câncio.

Do texto adaptado do original de Manuel Carvalho Moniz, in Dominicais eborenses. Évora: Câmara Municipal de Évora, 1999, (Col. Novos Estudos Eborenses, 4), p. 128.


sábado, 25 de janeiro de 2014

Pedro Vaz Quintanilha



Nasceu em Tomar por meados do século XVII este Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo.

Dedicado às letras, foi a poesia e o teatro que mais o ocuparam.

Quanto à poesia, a sua inclinação era para a de sentido cómico de que deixou grande número e escreveu três autos cujos títulos eram os seguintes:- Auto de Sanção, Auto de S. Brás e Auto do Nascimento de Cristo Senhor Nosso.

Certificou em 1620 ser neto paterno ou mais propriamente descendente de Lourenço Álvares F. Quintanilha, contador do Imperador Carlos V e de sua mulher a Marquesa da Catalunha.

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Portugal Antigo e Moderno, Pinho Leal, Vol XI, 1880,p573.

Biblioteca Lusitana Histórica, crítica e cronologia, Diogo Barbosa Machado,  Vol. 3.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Gaspar de Mendonça


Gaspar Barata de Mendonça nasceu no Sardoal a 3 de Agosto de 1627 e era filho de Pedro Lopes Barata, magistrado e de sua mulher Antónia de Moura.

Seguindo a carreira do pai, foi realizar os estudos de Direito na Universidade de Coimbra e após a sua conclusão é nomeado Juiz na Comarca da sua terra natal. Entretanto, é colocado como Juiz de Fora em Tomar.

Ao verificar na prática judicial as injustiças praticadas, resolve retirar-se e entrar num seminário, após a ordenação foi nomeado vigário de São João de Gestaçô, pertencente à Diocese do Porto. Ocupa depois o mesmo lugar em Santa Engrácia.

Devido à sua inteligência e dotes oratórios, foi designado Desembargador da Relação Eclesiástica de Lisboa, Juiz dos Casamentos e Relator de Direito Canónico.

Pelo impedimento do 14º Bispo de Miranda, D. André Furtado de Mendonça (1672-1676), substituiu-o temporariamente.

Inocêncio XI
O nosso rei D. Pedro II, desejando elevar à dignidade de arquidiocese a Diocese de S. Salvador da Baía de Todos os Santos, fez uma petição ao Papa Inocêncio XI no sentido de elevar esta à dignidade de Arquidiocese. Ao mesmo tempo solicitava ao Pontífice que ao converter a catedral da Baía na distinção de metrópole Primaz do Brasil, fizesse a nomeação de seu primeiro arcebispo D. Gaspar Barata de Mendonça, pois tratava-se de pessoa altamente qualificada para exercer tamanha dignidade.

Deste modo, o Santo Padre emitiu duas bulas em que nomeia Gaspar Barata de Mendonça como arcebispo da nova arquidiocese, tendo como seu consagrante D. Estêvão Brioso de Figueiredo.
A posse foi tomada por procuração em 3 de Junho de 1677, exercendo a prelazia por delegados sem nunca ter viajado para a nova Sé devido à sua saúde frágil. Apesar disso, fez erigir várias paróquias e acabou por resignar em 1681.

Faleceu na sua vila natal a 11 de Dezembro de 1681 este prelado e jurista português, ribatejano pelo nascimento que jaz sepultado em mausoléu junto à Capela-Mor da Igreja de Santa Maria da Caridade.
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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

História Eclesiástica de Portugal, Edição Revista e Actualizada, Publicações Europa-América, P. Miguel de Oliveira, 1994.

Dois Mil Anos de Papas, 2005

Dicionário Corográfico de Portugal Continental e Insular, Américo Costa, XI Vol. , Porto, 1948, p 122

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Vassalo e Silva



Manuel António Vassalo e Silva nasceu em Torres Novas a 8 de Janeiro de 1899, sendo filho de Manuel Caetano da Silva (um monárquico) e de Maria da Encarnação Vassalo e Silva e irmão da conhecida escritora antifascista, Maria Lamas.

Ingressou na Faculdade de Ciências de Lisboa onde se bacharelou em Matemáticas e fez os preparatórios de Engenharia Militar. Ingressa na vida militar em 13 de Novembro de 1922 frequentando o Curso de engenharia militar na Escola Militar que conclui como aspirante a Oficial em 1926. É alferes em 1 de Novembro do mesmo ano e colocado no Regimento de Sapadores Mineiros nº 1 (Lisboa). Em 1927 já se encontra no Porto e afecto à Escola Prática de Engenharia quando foi promovido a tenente.

Já tínhamos entrado, por isso, no período político iniciado no 28 de Maio de 1926 e que na História veio a ficar conhecido por “Salazarismo”.

Depois de Agosto de 1931 vai prestar serviço na Escola de Transmissões onde em 1 de Dezembro de 1932 é promovido a capitão. Aqui permanece até 1943.

Foi professor-adjunto da 24ª Cadeira da Escola do Exército. É promovido a Major em 27 de Outubro de 1944, embarcando no ano seguinte para Moçambique como Comandante de engenharia do Quartel General do Comando das Forças Expedicionárias às Colónias. Estávamos, por isso, em plena II Guerra Mundial. De Moçambique passa a Timor, integrado nas Forças Expedicionárias ao Extremo Oriente cuja missão era restabelecer a soberania portuguesa que havia estado ocupado pelo Japão.

Depois de um desempenho exemplar em Timor, regressa a Lisboa em 1947 e é colocado como professor provisório nos Pupilos do Exército acabando por ser provido ao lugar de Professor Catedrático da 24ª Cadeira da Escola do Exército. Quando exerce estas funções é promovido a Tenente-Coronel, em 6 de Março de 1953 e a Coronel, por escolha, a 11 de Setembro de 1956.

Entretanto, vai comandar a Escola Prática de Engenharia em Tancos e em 1957-58 frequenta o Curso de Altos Comandos, para assim, poder ter acesso ao generalato. É brigadeiro em 4 de Novembro de 1958.

Em finais deste ano iniciou a última missão da sua vida militar, pois é nomeado Governador Geral do Estado da Índia, do qual foi o 128º e último.

No decorrer desta missão recebe a patente de General em 14 de Junho de 1960.

A União Indiana que já vinha ameaçando uma invasão ao território, visto Portugal se ter negado a estabelecer conversações no sentido da sua passagem para a União Indiana, na noite de 17 para 18 de Dezembro de 1961 invade o território com grande número de homens tomando de assalto os territórios de Goa, Damão e Diu, consumando a ocupação no dia imediato.

Oliveira Salazar tinha enviado dias antes o seguinte ultimato:”Só aceitava soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos”

O contingente português compunha-se de 3 500 militares mal armados e municiados que tinha que se opor a uma avalanche de 50.000 homens do exército invasor, dotados com os mais modernos meios terrestres, navais e aéreos.

O Governador por considerar não haver hipótese de resistência prolongada perante a avalanche, dá ordem de recuo das tropas portugueses, destruindo vias de comunicação e ordenando a rendição no dia 19.

Vassalo e Silva foi o último militar a abandonar a Índia a 14 de Maio de 1962, rumo a Carachi (Paquistão), chegando a Lisboa no dia 16.



Com um banho de sangue Salazar queria dar uma “lição” ao Mundo!

Em 22 de Março de 1963 em Conselho de Ministros, Salazar baseando-se num parecer do Conselho Superior do Exército e da Armada e sem julgamento em Tribunal Militar, a Vassalo e Silva e aos seus mais directos colaboradores foi aplicada a pena de demissão do Exército.

O Decreto-lei nº 727/74 de 19 de Dezembro, do Conselho de Chefes dos Estados Maiores das Forças Armadas, anulou as penas impostas aos militares punidos e mandou reintegrá-los nas Forças Armadas. O General foi considerado reformado em 8 de Janeiro de 1969.

Foi agraciado com várias condecorações: Graus de Oficial, Comendador e Grande Oficial da Ordem Militar de S. Bento de Avis; com o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial, Classe Mérito Industrial, com a Medalha Naval (Ouro); comemorativa do 5º Centenário da Morte do Infante D. Henrique.

Igualmente, foi condecorado com a Medalha de Prata de Serviços Distintos devido à sua acção em Timor, com a Medalha de Mérito de 1ª classe, com a Medalha de Prata da Classe de Comportamento Exemplar e com a Medalha comemorativa das Expedições a Timor.

Que se saiba a toponímia indica o seu nome na terra natal, em Almada (Charneca e Caparica), Lourinhã (Atalaia) e Oeiras (Linda a Velha).

Faleceu em Lisboa a 11 de Agosto de 1985.
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Tratado de Todos os Vice-Reis e Governadores da Índia, Editorial Enciclopédia, Limitada, Lisboa – Rio de Janeiro, 1962

Os Esquecidos da História, Posted Julho 31, 2011

“Os Generais do Exército Português”, (III Volume, I Tomo, Coordenação do Coronel António José Pereira da Costa)


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Augusto Barreiros






Augusto Manuel Serrão Faria de Souto Barreiros nasceu em 15 de Março de 1922 na freguesia se Azinhaga do concelho da Golegã onde faleceu em 16 de Março de 2012.

Originário de uma família de proprietários agrícolas, que além deste aspecto eram aficionados por cavalos e toiros, características próprias da Lezíria do Tejo.

Cedo se dedicou à actividade literária escrevendo peças para amadores e publicou poesia e contos, pelo que foi associado da extinta Sociedade Portuguesa de Escritores e depois da Associação Portuguesa de Escritores e da Sociedade Portuguesa de Autores.

Colaborou em jornais como o “Diário Popular”, “Diário Ilustrado”, “O Século”. “O Comércio do Porto”,e Diário de Notícias” e nas revistas “Flama” e “Vida Rural”.

“A Editorial Adastro” e a “Livraria Ferin” produziram alguns dos seus trabalhos em livro como “Azinhaga, Livro de Horas”, “Nocturno”, “Canto que Volta ao Silêncio” e “Caprichos Ribatejanos”, entre outros.

Augusto Souto Barreiros escreveu ainda duas operetas (1948 e 1950) em dois actos e oito quadros, que tiveram por título “Sol das Lezírias” e “A Flor dos Campos”, exibidas entre outros locais no “Cine Teatro D. Elisa Bonacho”,da Golegã, onde obtiveram grande êxito. Ambas foram musicadas por José dos Reis.

Dedicou-se, igualmente, ao folclore e à etnografia, principalmente, no campo da pesquisa e divulgação que o levaram a proferir conferências na Universidade de Coimbra e palestras na Rádio Difusão Portuguesa.

Estudou e abordou temas como “Os seareiros”, “Os cagaréus”, Fainas com o Gado Bravo”, “Danças Tradicionais do Ribatejo”e noutro tipo “Rezas”e “Tratamento e Benzeduras”

Dedicou também a sua atenção ao Rancho Folclórico da Casa do Povo da Azinhaga, depois Rancho dos Campinos da Azinhaga com exibições em vários locais do país e do estrangeiro sempre com sucesso.

Foi distinguido pela Feira Nacional da Agricultura (Santarém) com o Diploma de Mérito, pela Casa do Ribatejo, em Lisboa, com a Placa de Ribatejano Ilustre e nomeado Sócio de Honra.

A Câmara Municipal da Golegã atribuiu-lhe a Medalha e Diploma de Mérito Municipal.

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Casa da Comédia da Azinhaga esgota peça de teatro de Augusto do Souto Barreiros. www.tintafresca.net. Página visitada em 2013-01-12.




terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Maria Lamas




Torrejana nascida a 6 de Outubro de 1893 e falecida em Lisboa aos 90 anos, mais propriamente a 6 de Dezembro de 1983. É a primeira filha de Maria da Encarnação Vassalo, católica e muito piedosa, e de Manuel Caetano da Silva, republicano e maçon.

De seu nome completo Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas que ficou conhecida na escrita e na política apenas como Maria Lamas.

Em 1900 frequenta a Escola Régia, como era designada a Escola Primária na altura., em 1906 é matriculada como aluna interna no Colégio Religioso Jesus, Maria e José na terra que a viu nascer e onde faz os seus estudos, tendo casado civilmente apenas com 18 anos, casamento de que resultaram duas filhas e que durou 9 anos.

Como o seu marido era militar e acompanhando-o numa missão, viveu em Luanda entre 1911 e 1913.

Regressa a Torres Novas e começa a publicar nos jornais locais a sua poesia com o pseudónimo Serra d`Ayre.

Em Torres Novas trabalha como voluntária na Cruz Vermelha e organiza festas para aquisição de fundos para família de soldados (1919).

Divorcia-se, ficando com as duas filhas a seu cargo vai para Lisboa viver com os pais. em. 1920.

Trabalha então na Agência Americana de Notícias e colabora no jornal A Capital.

Mais tarde vem a trabalhar na “A Joaninha”, “A Voz”, “Correio da Manhã” e no suplemento de “O Século”, “Modas e Bordados” onde se inverte a situação e passa a dar letras sobre a sua direcção e na revista “Mulheres” de que também foi directora.

Maria Lamas vista pelo pintor Júlio Pomar, 1952
Em 1921 casou novamente e desta vez com um jornalista monárquico e o LAMAS que usou provem deste segundo matrimónio que origina outra filha.

Continua a praticar acções altruístas e publica o seu primeiro livro Humildes (poesia) e seguidamente o romance Diferença de Raças, já com o pseudónimo Rosa Silvestre.

A sua actividade literária não para tanto em publicação de livros como na sua colaboração e mesmo na direcção de jornais e revistas, de grande valor,algumas dirigidas às crianças,
Tem mais de uma dezena de livros publicados abrangendo vários assuntos e não esquecendo as crianças.

Ligou-se à Oposição Democrática durante o Estado Novo e esteve exilada em Paris entre 1962 e 1969 onde desenvolveu intensa actividade de apoio aos refugiados políticos. Ainda que fosse simpatizante do PCP, só adere ao partido após o 25 de Abril e por influência de uma das filhas.

Milita no MUD (Movimento de Unidade Democrática) e em 1946 participou no congresso que daria origem à Federação Democrática Internacional das Mulheres (FDIM).

Em 1947 é eleita presidente da direcção do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas.

Esteve presa no Forte de Caxias em 1949, 1953 ( ao regressar da União Soviética) e 1962.

Foi escritora, tradutora, jornalista, activista política e feminista.

A antiga Escola Industrial de Torres Novas, na comemoração dos seus 50 anos de existência, passou a designar-se Escola Secundária Maria Lamas. A cidade de Torres Novas relembra-a numa pequena intervenção escultórica.

É agraciada com o grau de Oficial da Ordem de Santiago de Espada pelo Presidente da República, Óscar Carmona, por mérito cultural na acção em prol das mulheres.

Em 1980 Oficial da Ordem da Liberdade, 1983 - Medalha Eugénie Cotton atribuída pela Fédération Démocratique Internationale des Femmes.

Uma Mulher de uma personalidade admirável e oriunda de uma família burguesa.
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Dicionário de História do Estado Novo, Volume I. Fernando Rosas e J.M. Brandão de Brito, Bertrand Editora, 1996, p 506 e 507.

Wikipédia, a enciclopédia livre.



domingo, 19 de janeiro de 2014

Pedro Augusto de Azevedo



Bibliotecário Arquivista e Historiador.

De seu nome completo Pedro Augusto de S. Bartolomeu de Azevedo nasceu a Santarém em 24 de Agosto de 1869, sendo filho do professor do ensino Secundário Ventura Faria de Azevedo.

Depois dos estudos secundários entra aos 19 anos como praticante de amanuense na Inspecção de Bibliotecas e Arquivos. Tira, entretanto, o Curso Superior de Bibliotecário Arquivista, de que foi o primeiro diplomado em Portugal.

Entra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo como amanuense-paleógrafo e dedica-se à profissão como um verdadeiro sacerdócio, estudando e investigando.

Em 1894 era primeiro-oficial, em 1900 bibliotecário arquivista e em 1902 Conservador altura  em que é  nomeado professor de paleografia do Curso de Arquivistas.

É considerado dos mais notáveis investigadores históricos portugueses e com raras aptidões para a paleografia e diplomática.

Como investigador da sua época teria sido só suplantado, segundo os críticos, por João Pedro Ribeiro e Alexandre Herculano.

Entra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo como amanuense paleógrafo e dedica-se à profissão como um verdadeiro sacerdócio, estudando e investigando.

Em 1894 era primeiro-oficial, em 1900 a bibliotecário arquivista e em 1902, Conservador, altura em que é nomeado professor de paleografia do Curso de Arquivistas.

Em 1918 passa a servir na Biblioteca Nacional e em 1927 assumiu o lugar de Director interino.

Pedro Augusto de Azevedo deixou os seus trabalhos espalhados por muitos lados, principalmente como colaborador do Archivo Histórico Portuguez, dirigido por Anselmo Braamcamp Freire, constituído por 11 volumes.

Igualmente, prestou o seu contributo à Revista Lusitana, no Archeólogo Portuguez, nos Anais das Bibliotecas e Arquivos Nacionais, na Revista de História e na Revista Lisitana, além de outras colaborações.

A nível de documentos publicados ou em colaboração a lista é extensa.

Assim, entre outros, temos: Documentos das Chancelarias Reais anteriores a 1531, relativos a Marrocos, Lisboa, Academia das Ciências, 1º Tomo 1915, 2 em 1934; Registos Paroquiais de Lisboa; Registos da Freguesia de Santa Cruz do Castelo desde 1536 até 1628, Lisboa, Academia das Ciências, 1913 (em colaboração); Registos Paroquiais da Sé de Tânger, Lisboa, Academia das Ciências, 1922 (em colaboração); Capítulos do concelho de Elvas apresentados em Cortes, Elvas, 1914; Documentos relativos  ao Descobrimento e Colonização do Brasil, durante o século XVI, existentes em Arquivos Portugueses, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1928; Livro dos Bens de D. João de Portel, separata do Arquivo Histórico Português, Lisboa 1907 e O Processo dos Távoras, Lisboa, Biblioteca Nacional, 1921.

Muitíssimos mais trabalhos deixou, hoje procurados pelos novos investigadores.

Como especialista que era nas matérias, deixou importantes estudos sobre paleografia, diplomática, arquivologia e biblioteconomia.

Faleceu em Lisboa a 3 de Março de 1928 e o seu nome faz parte da toponímia da capital, e não o conheço na terra onde nasceu que parece tê-lo ignorado.

Nos trabalhos em que se referem Santarenos Ilustres ou em Destaque, não me lembro de o ver referido, pelo menos nos que conheço apesar de serem considerados os mais desenvolvidos na temática.

Será que Pedro Augusto de Azevedo não merece ter uma rua com o seu nome na cidade onde nasceu?

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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. III, pp 927 e 928

Enciclopédia Verbo Século XXI, Vol. 3, pp 1250, 1251

Dicionário de História de Portugal (Dir. de Joel Serrão), Vol. I, Livraria Figueirinhas / Porto


sábado, 18 de janeiro de 2014

Areosa Feio


Eduardo Rodrigues Areosa Feio teria nascido em Santarém a 13 de Dezembro de 1890. 
Fez parte das organizações académicas que ajudaram à Implantação da República em Portugal em 1910.

Depois de cursar a Escola Militar é promovido a alferes de Artilharia em 1 de Novembro de 1914. Faz então parte da Bateria de Artilharia Expedicionária para Angola, incorporado na coluna comandada pelo General Pereira de Eça, tendo-se distinguido nos combates de Mongua, no Sul de Angola.

Regressado a Portugal e já como major, é nomeado para servir na missão de Artilharia que parte para França em Dezembro de 1916, por isso, para tomar parte no conflito da Guerra Mundial.

Condecoração Inglesa
Na Flandres, comanda com brilho o 4º Grupo da Bateria de Artilharia que se encontrava sobre o Rio Escalda, por isso, em posições avançadas quando se dá o armistício.

O seu demonstrado valor militar em campanha é recompensado com a condecoração da Ordem de Torre e Espada, Cruz de Guerra.

Por sua parte, os ingleses atribuem-lhe a “Military Cross”, medalha criada em 1915 pelo Rei de Inglaterra Jorge V.

Encontrando-se já no país, em 1919 é nomeado professor efectivo do Colégio Milita,r mas em Junho de 1924 é destacado para Timor, onde exerce com grande eficiência as funções de chefe de Estado Maior, secretário e encarregado do governo, isto até Março de 1927.

Já novamente no país é reformado compulsivamente pela portaria de 20 de Maio de 1935 juntamente com outros militares democratas, lista encabeçada pelo General José Norton de Matos.

Apesar dos esforços desenvolvidos tanto nos trabalhos em papel como na Internet, não nos foi possível confirmar a naturalidade de Santarém e saber o ano em que faleceu.
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Santarém no Tempo, Virgílio Arruda, 1971, p.517

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol III, p. 178.





                                            

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Augusto Costa (Costinha)


De seu nome completo, Ernestino Augusto Costa, ficou conhecido no mundo artístico por Costinha.

Nasceu em Santarém a 24 de Fevereiro de 1891 e faleceu a 25de Janeiro de 1976, por isso, com 85 anos de idade.

Frequentou uma escola elementar de comércio que concluiu. No Conservatório de Lisboa, fez exames rudimentares e o 1º ano de violino.

O teatro chamava-o e como profissional estriou-se na revista Quadros Vivos em 23 de Março de 1913.

As suas qualidades de artista invulgar evidenciaram-se rapidamente e aparece como imprescindível nos quadros de revista, conquistando plateias. Faz parte, como figura de destaque, nas revistas Milho-Rei, Anima-te Zé, Burro emPé, Bisbilhoteira, Velha Rabugenta, A Boneca, Solar dos Barrigas, Sinos de Corneville, Lavadeira, O Homem da Rádio e Chuva de Mulheres, sendo um actor cómico muito popular e estimado.

Iniciou a sua vida de actor cinematográfico em 1930 no filme Lisboa, Crónica Anedótica. Seguiram-se: A Severa (1931), As Pupilas do Senhor Reitor (1935), O Trevo de Quatro Folhas (1936), A Rosa do Adro (1938), Varanda dos Rouxinóis (1939), João Ratão (1940), Lobos da Serra (1942), Cais do Sodré (1946), Camões (1946), Um Homem do Ribatejo (1946), Vizinhos de Rés-do-Chão (1947), Uma Vida Para Dois (1948), Sol e Toiros (1949), A Morgadinha dos Canaviais (1949), Cantiga da Rua, Madragoa (1952), Rosa de Alfama (1953), O Costa d’África (1954), O Noivo das Caldas (1956), Perdeu-se um Marido (1957), Dois Dias no Paraíso (1957), O Homem do Dia  (1958), e Costureirinha da Sé (1959).

Entrou assim na grande maioria dos filmes em Portugal, ou melhor dizendo, na época de ouro do cinema português.

Figura importante no teatro de revista, tendo alcançado assinalados sucessos, como em Abril em Portugal (1956) em que contracenou com Elvira Velez e Raul Solnado e igualmente em Não faças ondas, desta vez, ao lado de João Vilaret e Milú.

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Enciclopédia Verbo Século XXI, Vol. 3, p. 1250

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. VIII, p. 863
 www.infopedia.pt/$costinha-(actor)

www.mensagensvirtuais.xpg.com.br/aniversariantes/Costinha

pauloborges.bloguepessoal.com/404083/COSTINHA-UM-POPULAR-ACTOR/


pt.wikipedia.org/wiki/Costinha_(ator_portugu%C3%AAs)

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Nuno Beja


Nuno Morais Beja nasceu em Santarém em 10 de Fevereiro de 1890, possivelmente, quando seu pai, António Augusto de Matos Sarmento Beja, casado com D. Inês Amélia de Morais, aqui exerceu funções de chefia como funcionário de Fazenda.

Veio a casar em Águeda com D. Maria Antónia da Silva Pinto.

A família de Nuno Beja não tem raízes em Santarém mas sim no Norte do país.

Seguiu a carreira militar e foi promovido a capitão do exército em 1941.

Homem muito dedicado às letras, leccionou na Escola Central de Sargentos, em Águeda, durante muitos anos.

Livros, articulista abordando vários temas, nomeadamente sobre literatura e história, foi colaborador de variadíssimos jornais regionais e nacionais, tal como revistas, não só em Portugal como no estrangeiro.

Desde 1920 que presta assídua colaboração aos jornais da sua região natal e de outras, pois como estudioso e culto tinha sempre assuntos de grande interesse para abordar.

Era sócio correspondente do Centro de Estudos Literários da Universidade de Guiaquil (Equador) e sócio correspondente da Associação de Intercâmbio Cultural de Guiratinga (Brasil).

Na cidade de Coimbra, foi sócio fundador da Associação dos Jornalistas e membro da Sociedade de Defesa e Propaganda e foi o promotor da homenagem prestada à memória do poeta, Manuel da Silva Gaio, em 1938. A ele se juntaram Antero de Figueiredo, Eugénio de Castro e outros.

Foi, igualmente, brilhante conferencista, ficando na memória a conferência que realizou em 27 de Setembro de 1953, no aniversário da Batalha do Buçaco sobre as guerras napoleónicas em Portugal.

Na sua bibliografia contam-se:
Palavras Simples, 1922; Esboço de Uma Bibliografia Portuguesa da Grande Guerra, 1922; Nas asas da glória, 1922; Nove de Abril, 1925; Bolívar (em português, com versão castelhana do Dr. José de La Quadra, Razão da Semana Militar, 1935; Coimbra da Poesia e da Lenda, 1937; A Língua, Vínculo Eterno, 1942; Património Intelectual, 1953; Evocação de Bolívar, 1959.

Traduziu alguns autores da América Central para português.

Deu conferências do Norte a Sul do país, principalmente nas grandes cidades.

A nível de imprensa regional, colaborou no Correio do Ribatejo de Santarém, Vida Ribatejana de Vila Franca de Xira, Notícias do Cartaxo do Cartaxo, Chamusca Nova da Chamusca, O Debate de Santarém, A Gazeta do Ribatejo, Ribatejo Ilustrado e O Rio-maiorense de Rio Maior.

Fora do Ribatejo,deu a sua valiosa ajuda a O Arrifanense de Arrifana da Feira, O Castanheirense de Castanheira de Pêra, Voz de Coimbra de Coimbra, Correio da Beira e Bola de Neve da Guarda, O Figueirense, da Figueira da Foz, entre outros.

Em jornais diários, entre outros, colaborou no Diário da Manhã, República, Diário de Lisboa e Diário de Coimbra.

Vários jornais do estrangeiro mereceram a sua valiosa colaboração e entre as revistas portuguesas e estrangeiras não se pode esquecer a Revista Militar.

O Capitão Nuno Beja faleceu em 1966.
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Santarém no Tempo, Virgílio Arruda, 1971.


"Capitão Nuno Beja", Vida Ribatejana, Joaquim Veríssimo Serrão, número especial de 1960, p. 153-154.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Pedro Oom


Pedro dos Santos Oom do Vale nasceu em Santarém a 24 de Junho de 1926, mas aos 2 anos acompanha a família que vai para Setúbal onde se manteve até aos 11, idade em que vai para Lisboa.

Poderá dizer-se que Pedro Oom é um scalabitano quase por acidente, pois os seus pais, possivelmente, teriam passado por esta cidade devido à profissão de seu pai.

O interesse do pai para o seu ingresso no Colégio Militar frustrou-se, pelo que admito que teria uma carreira militar e daí a passagem esporádica por Santarém.

A vocação do jovem não estava virada para essa actividade e acaba por ingressar na Escola de Artes Decorativas António Arroio onde conhece entre outros, Júlio Pomar, Vespeira, Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas.

Inicialmente aderiu ao neo-realismo, mas na década de 40 encontrava-se na corrente surrealista.

Foi o mentor teórico do Abjeccionismo e o autor do manifesto redigido em 1949.

Falecendo o pai, aos 24 anos ingressa nos quadros do Instituto Nacional de Estatística, afastando-se de toda a actividade artística e literária ligada ao surrealismo.

Em substituição desta actividade, dedica-se com entusiasmo ao xadrez onde se distinguiu.

Em 1962 cessa funções no INE mas dois anos depois ingressa no Ministério da Educação onde se dedicou a estudos de estatística sobre o ensino.

Enquanto uns afirmam que faleceu num restaurante no dia 26 de Abril de 1974, quando comemorava os acontecimentos do dia anterior com alguns amigos próximos, José Jorge Letria dá-o como falecido no dia 30, vítima de ataque cardíaco no aeroporto da Portela no regresso do exílio em Paris de José Mário Branco, Luís Cília e Álvaro Cunhal.

Só em 1980 a sua obra literária (poética e panfletária) alicerçada no surrealismo, dispersa por jornais e revistas, foi reunida e publicada em dois volumes (Actuação Escrita).

Pedro Oom que tinha conhecimento das reuniões preparatórias do golpe militar do 25 de Abril, tinha projectado com outros camaradas viver numa comuna e serem auto-suficientes, chegando a visitar terrenos no Ribatejo. O utópico projecto morreu com ele.

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N.B. Tenho encontrado com muita frequência na bibliografia temática a indicação de naturais de Santarém, o que muitas vezes verifico não ser verdade, uns de tempos recuados que não posso confirmar e outros de tempos relativamente recentes que tiveram o seu nascimento noutras terras. Possuo um grupo relativamente numeroso que ainda não consegui identificar onde nasceram.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Rui de Azevedo


Rui Pinto de Azevedo nasceu em Benavente em 1889.

Frequentou o Colégio Militar e tirou o Curso Colonial e o Superior de Letras.

Em 1912 frequenta a Universidade de Berlim e em 1913 a de Oxford.

Exerceu o magistério dos liceus em Évora, Coimbra e no Liceu Camões em Lisboa de que foi reitor e professor de línguas.

Convidado primeiro em 1935 e depois em 1946 para professor de História da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e depois na de Lisboa, declina ambos os convites.

A sua atracção vai, contudo ,para a História a que dedicou todo o seu interesse e tornou-se no maior paleógrafo e diplomatista português do seu tempo.

Foi académico de número a partir de 1938, da Academia Portuguesa da História que o incumbiu do trabalho principal da publicação dos Documentos Medievais Portugueses, já que se tratava de um grande medievalista.

A transcrição paleográfica das chancelarias do Conde D. Henrique, de D. Teresa e de D. Afonso Henriques com uma longa introdução e notas críticas ao texto com tal erudição, põe esse trabalho ao nível dos melhores que são conhecidos.

Foi nomeado pela Academia Portuguesa da História presidente da Comissão das Regras para a Publicação de Documentos e vogal do Conselho Académico.

Sócio de Mérito da Academia das Ciências de Lisboa e distinguido como Doutor Honorís Causa pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

A ele se deve a edição em três volumes de Documentos Medievais Portugueses (1940 – 1962), isto em continuação à Portugaliae Monumenta Histórica.

Publicou O Tejo e as suas Lezírias desde Estrabão aos tempos Modernos, O Ribatejo, As Origens da Ordem de Évora ou de Aviz, O Mosteiro do Lorvão na Reconquista Cristã, 1932; Documentos Falsos de Santa Cruz de Coimbra, 1935; A Chancelaria Régia Portuguesa nos séc. XII e XIII, 1938; A Presúria e o Repovoamento entre Minho e Lima no séc. X, 1945; Riba-Coa sob o Domínio de Portugal, 1962; Documentos Régios, 1958 e 1962 e O Compromisso da Confraria do Espírito Santo de Benavente, 1963.

Benavente, Estudo Histórico – Descritivo, por Álvaro Rodrigues de Azevedo, foi por ele continuado e editado em 1926.

Exerceu as funções de Provedor da Santa Casa da Misericórdia da sua terra natal.

Faleceu em Lisboa em 1976.
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Enciclopédia Verbo Ed. Século XXI, Vol 3, p.1252

Antologia da Historiografia Portuguesa, A. H. de Oliveira Marques, Vol. II, Publicações Europa-América, Lda, 1975, p. 198

Vida Ribatejana, Número Comemorativo dos Centenários da Fundação e Restauração de Portugal, 1940

LELLO UNIVERSAL, Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro, Porto, 1975

Boletim da Junta de Província do Ribatejo, 1937 – 40 (Director e Editor) Abel da Silva, Lisboa, 1940, p 372.

Figuras Notáveis do Ribatejo. Jorge Ramos, Vida Ribatejana.