Torrejana nascida a 6 de Outubro de 1893 e falecida em
Lisboa aos 90 anos, mais propriamente a 6 de Dezembro de 1983. É a primeira
filha de Maria da Encarnação Vassalo, católica e muito piedosa, e de Manuel
Caetano da Silva, republicano e maçon.
De seu nome completo Maria da Conceição Vassalo e Silva da
Cunha Lamas que ficou conhecida na escrita e na política apenas como Maria
Lamas.
Em 1900 frequenta a Escola Régia, como era designada a
Escola Primária na altura., em 1906 é matriculada como aluna interna no Colégio
Religioso Jesus, Maria e José na terra que a viu nascer e onde faz os seus
estudos, tendo casado civilmente apenas com 18 anos, casamento de que
resultaram duas filhas e que durou 9 anos.
Como o seu marido era militar e acompanhando-o numa missão,
viveu em Luanda entre 1911 e 1913.
Regressa a Torres Novas e começa a publicar nos jornais
locais a sua poesia com o pseudónimo Serra d`Ayre.
Divorcia-se, ficando com as duas filhas a seu cargo vai para
Lisboa viver com os pais. em. 1920.
Trabalha então na Agência Americana de Notícias e colabora
no jornal A Capital.
Mais tarde vem a trabalhar na “A Joaninha”, “A Voz”,
“Correio da Manhã” e no suplemento de “O Século”, “Modas e Bordados” onde se
inverte a situação e passa a dar letras sobre a sua direcção e na revista
“Mulheres” de que também foi directora.
Maria Lamas vista pelo pintor Júlio Pomar, 1952 |
Continua a praticar acções altruístas e publica o seu
primeiro livro Humildes (poesia) e
seguidamente o romance Diferença de Raças,
já com o pseudónimo Rosa Silvestre.
A sua actividade literária não para tanto em publicação de
livros como na sua colaboração e mesmo na direcção de jornais e revistas, de
grande valor,algumas dirigidas às crianças,
Tem mais de uma dezena de livros publicados abrangendo
vários assuntos e não esquecendo as crianças.
Ligou-se à Oposição Democrática durante o Estado Novo e
esteve exilada em Paris entre 1962 e 1969 onde desenvolveu intensa actividade
de apoio aos refugiados políticos. Ainda que fosse simpatizante do PCP, só
adere ao partido após o 25 de Abril e por influência de uma das filhas.
Milita no MUD (Movimento de Unidade Democrática) e em 1946
participou no congresso que daria origem à Federação Democrática Internacional
das Mulheres (FDIM).
Em 1947 é eleita presidente da direcção do Conselho Nacional
das Mulheres Portuguesas.
Esteve presa no Forte de Caxias em 1949, 1953 ( ao regressar
da União Soviética) e 1962.
Foi escritora, tradutora, jornalista, activista política e
feminista.
A antiga Escola Industrial de Torres Novas, na comemoração
dos seus 50 anos de existência, passou a designar-se Escola Secundária Maria
Lamas. A cidade de Torres Novas relembra-a numa pequena intervenção escultórica.
É agraciada com o grau de Oficial da Ordem de Santiago de
Espada pelo Presidente da República, Óscar Carmona, por mérito cultural na
acção em prol das mulheres.
Em 1980 Oficial da Ordem da Liberdade, 1983 - Medalha
Eugénie Cotton atribuída pela Fédération Démocratique Internationale des
Femmes.
Uma Mulher de uma personalidade admirável e oriunda de uma
família burguesa.
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Dicionário de História
do Estado Novo, Volume I. Fernando Rosas e J.M. Brandão de Brito, Bertrand
Editora, 1996, p 506 e 507.
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