terça-feira, 9 de junho de 2009

Fontoura da Costa

(PUBLICADO NO CORREIO DO RIBATEJO DE 21 DE ABRIL DE 1995)

Este alpiarcense nasceu a 9 de Dezembro de 1869 e seguiu a carreira da Marinha.
Admitido como aspirante na Escola Naval em 15 de Novembro de 1887, foi promovido a segundo-tenente em 4 de Fevereiro de 1892, passando à reforma no posto de capitão-de-mar e guerra.

Inteligente e culto, distingue-se como oficial, escritor, investigador e professor, tudo virado para o campo náutico.

Foi professor e directos da Escola Naval e deu aulas na Escola Auxiliar da Marinha.
Em 1901 fez parte da comissão que fixou as fronteiras entre Angola e o Congo.

Exerce em 1907 as funções de Reitor do Liceu Central de Lisboa e mais tarde no de Passos Manuel.

Em 1910 foi encarregado de assistir aos trabalhos do Congresso Internacional sobre a educação física da juventude e de ginástica pedagógica, militar, médica e estética, então reunido em Bruxelas.

Uma comissão, da qual fez parte, elaborou e propôs um programa de educação física escolar para o nosso País.

Igualmente participa na Comissão encarregada de estipular as condições para um contrato de navegação a estabelecer entre Lisboa e a América do Norte e entre Lisboa e os Açores.

Desempenhou as funções de Governador de Cabo Verde entre 1915 e 1917 e foi agraciado com a Real Ordem do Bamho pelo rei Jorge V de Inglaterra, pelo auxílio que prestou à marinha britânica.

Também foi ministro, sobraçando a pasta da Agricultura e mais tarde a da Marinha.
Organizou a Exposição de Roteiros Portugueses dos Séculos XVI e XVII que constituiu proveitosa lição do alto grau que naquela época atingiu a ciência náutica portuguesa. Por esta acção veio a ser louvado pelo Governo por Portaria de 20 de Janeiro de 1934.

Continuou a representar o País oficialmente em vários congressos e a fazer parte de comissões no campo histórico, náutico e cartográfico.

O comandante Abel Fontoura da Costa, invulgar investigador, de grande cultura científica e perfeito domínio da técnica da marinharia, realizou uma obra de vulto, principalmente no campo das “Descobertas”, procurando demonstrar a originalidade da nossa ciência náutica.

Rejeitou sempre a doutrina do acaso, defendendo o carácter científico na nossa expansão quatrocentista.

“Marinharia dos Descobrimentos” (1933), com reedições em 1939 e 1960, é uma obra importante que publicou sobre a arte de navegar dos pilotos portugueses dos séculos XV e XVI.

Procurou dar a conhecer obras significativas da época de ouro da história nacional, pelo que foram editados alguns “inéditos” e promovidas reedições de outros que eram praticamente inacessíveis.

Proferiu várias conferências e efectuou estudos como A Arrojada Viagem de Pedro Álvares Cabral e a sua Armada – 1500/1501 (1937) e Cartas Portuguesas dos Séculos XV e XVI de paradeiros desconhecidos (1938), entre outros.

Foi membro da Academia Francesa de Marinha da qual recebeu a medalha de ouro em resultado dos trabalhos nela apresentados e da Academia Portuguesa da História.
Faleceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1940.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
Cultura Portuguesa, Ruy d’Abreu Torres, Vol. 17