(Publicado no Correio do Ribatejo de 10 de Março de 1995)
Pintor, notabilizou-se como paisagista e autor de excelentes retratos.
Carlos António Rodrigues dos Reis nasceu em Torres Novas, freguesia de S. Tiago, no dia 21 de Fevereiro de 1863, sendo baptizado em 9 de Março imediato.
Era filho do médico municipal, Dr. João Rodrigues dos Reis e de sua esposa, D. Maria de Jesus Nazaré dos Reis, também eles naturais do concelho de Torres Novas.
Após a instrução primária, frequentou o Colégio do P. Joaquim Correia da Silva onde se ministravam português, francês, latim, matemática e desenho. Contudo, o jovem Carlos não tinha inclinação para as letras e para os números pelo que seu pai se viu obrigado a destiná-lo à vida comercial e assim envia-o para Lisboa onde se emprega na tabacaria de um parente, situado no Rossio.
Sempre que tinha um momento livre no seu trabalho, ocupava-o em desenhar figuras e esboços. Este facto não passou despercebido a vários fregueses que junto do patrão começaram a insistir no sentido do pequeno artista fosse matriculado na escola adequada.
O pai, ainda insatisfeito não aceitou com facilidade a ideia, mas devido às insistências, acabou por aceder, sendo Carlos Reis matriculado na Escola de Belas Artes em 1881.
Entre os vários professores contam-se Silva Porto de quem veio a ser discípulo dilecto.
Pelo seu talento, conseguiu a amizade de El-rei D. Carlos.
Constando ao então príncipe que o artista se via obrigado a abandonar a Escola de Belas Artes, por motivos monetários, resolveu auxiliá-lo, tendo-lhe sido concedido um subsídio mensal de cinco libras que se mantém até 1889, já com o curso concluído.
Carlos Reis vai para Paris como pensionista do Estado, donde regressa em 1896.
É colocado por concurso como professor da Escola de Belas Artes, onde formou uma plêiade de artistas.
Foi o grande animador do grupo de artistas que levou a efeito a construção do edifício onde está instalada a Sociedade Nacional de Belas Artes, na Rua Barata Salgueiro em Lisboa.
Foi Director do Museu de Arte Antiga e do Museu de Arte Contemporânea.
Dos seus principais trabalhos que figuraram em imensas exposições, tanto no País, como no estrangeiro, destacam-se: -“Uma Feira em Torres Novas”, “Um canto da alameda”, “Cantigas de Amor”, “As Moleiras”, “Bezerros”, “Descanso do Modelo”, “A Feira”, “A moleirinha dos Pisões”, “Mercado” e os retratos de El-rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia.
Em 22 de Maio de 1925 é-lhe prestada homenagem, inaugurando-se uma exposição das suas melhores obras. Atinge o limite de idade em 1933
O grande artista veio a falecer em 21 de Julho de 1940. Pouco antes fora-lhe conferida a Grã-Cruz de S. Tiago.
A sua terra natal presta-lhe homenagem inaugurando um seu busto num dos recantos mais poéticos da então vila, saldando assim uma dívida de gratidão.
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Vida Ribatejana, Edição Especial Comemorativa do 8º Centenário da Conquista do Ribatejo e da Estremadura aos Mouros, Julho de 1947
LELLO UNIVERSAL, Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro
Boletim da Junta de Província do Ribatejo, 1937/40