quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Lembrando o Prof. Albertino Henriques Barata

(PUBLICADO NO CORREIO DO RIBATEJO DE 20 DE OUTUBRO DE 1995) *

Nota Breve
Esta segunda parte das MEMÓRIAS DO MEU BAIRRO que intitulámos de CRÓNICAS SOLTAS seguiu-se a uma primeira série que pensávamos que fosse única.
Pelas razões que fomos explicando ao longo das croniquetas, foram aparecendo pequenos nadas que nos foram sugerindo mais esta, mais aquela e publicadas com grande irregularidade e que se espalharam ao longo dos anos com destaque para 2004 em que foram publicadas dezassete.




Desloquei-me propositadamente a Santarém para assistir ao lançamento do nº 3 – Março de 1992, dos Cadernos Culturais da C.M.S., intitulado NOTÍCIAS HISTÓRICAS SOBRE O CONCELHO DE SANTARÉM, que reuniu as crónicas publicadas neste semanário e na “Voz do Espinheiro”, sobre o concelho de Santarém e de autoria do Prof. Albertino Henriques Barata.

Ao regressar a casa, a cerca de noventa quilómetros de distância, fui buscar uma carta datada de 19 de Abril de 1976 e assinada pelo Prof. Barata, colocando-a, após pequena colagem, no final do livrinho, pois entendemos que o completa.

Pena tenho de me ter desaparecido uma outra posterior que, com as andanças da minha vida profissional se perdeu ou ainda não encontrei. O meu mundo dos papéis, recortes de jornais, revistas, boletins, cartas, papéis avulso, eu sei lá, antes da selecção, organização e arquivo, sofria por vezes alguns ataques de limpeza, de autoria de gente estranha.

Nessa carta, Albertino Barata, com excelente caligrafia, própria dos mestres da sua época, agradecia-nos as palavras que lhe tínhamos endereçado e datadas de 9 de Abril de 1976.

O cronista do “Correio do Ribatejo”, no número de 26 de Março de 1976, tinha feito publicar uma das suas habituais crónicas históricas, intitulada A FREGUESIA DA VÁRZEA ATRAVÉS DOS TEMPOS. Ainda que conhecêssemos tudo ou quase tudo do que lá se escrevia, senti-me na obrigação de lhe agradecer o que tinha escrito sobre a minha freguesia natal, que muito prezo. Ler coisas sobre a nossa terra é sempre agradável.

Quando escrevi ao Prof. Barata, relacionei-o com o Dr. José Henriques Barata que conhecia desde a minha juventude pela leitura de alguns dos seus trabalhos, como “Fastos de Santarém” e artigos dispersos no “Correio do Ribatejo” e “Vida Ribatejana”, de Vila Franca de Xira e admiti que fossem irmãos o que era fácil de deduzir e que se veio a confirmar.

Em contrapartida fui relacionado com os meus familiares, foi-me dado o meu avô como possível “pai” e o que me seria o meu pai. Na segunda carta, a explicação veio:- como é que um homem tão novo se interessava por estes assuntos; fazia-me muito mais velho!

Ao sugerir a publicação das crónicas em livro, o professor dizia-nos:- É POSSÍVEL QUE AS MINHAS CRÓNICAS PUBLICADAS NO “CORREIO DO RIBATEJO” POSSAM SER APROVEITADAS PARA UM (livro). Felizmente que isso veio a acontecer, ainda que o tivesse sido dezasseis anos depois! Mais vale tarde que nunca, como diz o povo.

Faz precisamente hoje nove anos que faleceu o Prof. Albertino Barata.

Sem ser um técnico no assunto, o professor passou muitas e muitas horas em bibliotecas e arquivos compilando o que já se tinha escrito sobre as cidades, vilas e aldeias ribatejanas e sempre que possível, acrescentava algo de inédito e mais recente, que era do seu conhecimento.

Estas crónicas, que foram republicadas neste jornal no que respeita ao concelho de Santarém, tiveram a grande vantagem de numa linguagem acessível levar ao cidadão comum os principais conhecimentos históricos, geográficos, etnográficos e outros sobre as suas terras e vizinhas, o que de outra maneira não lhe seria fácil obter.


[Rua Almeida Garrett onde viveu no Meu Bairro o Prof. Albertino Barata]

Aqui fica esta pequena lembrança ao Prof. Albertino Henriques Barata que viveu muitos anos no MEU BAIRRO, mais precisamente na Rua 2º Visconde de Santarém e daí a inclusão nas MEMÓRIAS DO MEU BAIRRO.

* Este escrito saiu indevidamente publicado na nossa rubrica FIGURAS RIBATENAS, quando o devia ter sido nas MEMÓRIAS DO MEU BAIRRO, aliás como se deduz do texto. Daí esta explicação.