sábado, 13 de novembro de 2010

Lopo de Sousa Coutinho

Nasceu na então nobre vila de Santarém, cerca de 1515, este fidalgo de linhagem, filho de Fernão Coutinho e de D. Joana de Brito e sendo neto por via varonil do 2º Conde de Marialva, D. Gonçalo Coutinho.

Com dezoito anos e seguindo a vida militar, como era apanágio dos nobres da época, embarca para a Índia procurando a almejada glória. Serve com o 7º governador, D. Nuno da Cunha. Em operações bélicas, está, entre outras acções, no Cerco de Diu onde pratica actos de bravura. Em 14 de Agosto de 1538 foi surpreendido com mais catorze soldados por quatrocentos homens que repeliu e perseguiu até fora da povoação.

Regressando a Portugal com rótulo de heróico e ardoroso guerreiro, D. João III recebe-o com provas de estima, nomeando-o de imediato Governador do Castelo da Mina, para onde embarca.

Volta a Portugal por morte do seu irmão mais velho, entrando na posse da principal herança dos pais.



Casa entretanto com D. Maria de Noronha, dama da Rainha D. Catarina, de cujo enlace nascem oito filhos, entre os quais aquele que viria a ser Frei Luís de Sousa.

Enviuvando e devido à grande afeição que tinha pela mulher, não aceita a sugestão de familiares e amigos para voltar a casar, dedicando-se a educar a numerosa prole, mostrando-lhes os caminhos da virtude, da honra e do conhecimento das letras.

Lopo de Sousa Coutinho, além de valoroso guerreiro, foi um espírito culto, dedicando-se às letras, não descurando as ciências, interessando-se pela física e matemática.
A sua experiência militar levou-o a escrever com engenho literário, dois livros sobre o Cerco de Diu, em que participou, publicados em 1556 e ainda no campo histórico, outro sobre o Naufrágio de Manuel de Sousa Sepúlveda e Empresas de Ilustres Varões Portugueses na Índia. A poesia e a matemática igualmente receberam publicações de sua autoria.

Traduziu Lucano e Séneca.

Acolheu-se, nos últimos anos de vida à terra natal, onde tinha o seu palácio, vindo a falecer no dia 27 de Janeiro de 1577, com sessenta e dois anos e de desastre ocorrido na antiga vila de Povos que foi mesmo sede de concelho e hoje pertencente ao concelho de Vila Franca de Xira. Ao desmontar do cavalo a espada desembainhou e foi cravar-se no corpo, causando-lhe a morte. Depois de tantos perigos e de grandes façanhas, morre em tais circunstâncias !

Foi sepultado na Igreja do Salvador, da sua terra natal, onde a família dispunha de capela privativa. A igreja, já desaparecida, foi vítima do terramoto de 1909, que assolou a região do Ribatejo. O espaço que ocupava é hoje o Largo Padre Francisco Nunes da Silva, vulgarmente designado por Padre Chiquito.

D. Lopo Coutinho, segundo Areosa Feio, no seu magnífico livro, “Santarém, Princesa das Nossas Vilas”- 1929, deixou o seu nome no santuário do Monte em uma obra que em 1553 mandou fazer “em louvor da Virgem”: o portal da entrada proncipal.
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Diccionario Bibliographico Portuguez - Vol. V - MDCCCLX
Boletim da Junta de Província do Ribatejo - 1937-409
LELLO Universal - Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro
Santarém na História de Portugal, Joaquim Veríssimo Serrão, 1950
Santarém no Tempo , Virgílio Arruda, 1971
Dicionário da História de Portugal , Dir. de Joel Serrão