domingo, 7 de março de 2010

António Elói, autarca e amante da sua terra

(PUBLICADO NO CORREIO DO RIBATEJO DE 29 DE NOVEMBRO DE 1991)


Na continuação das Figuras escolhidas sobre o nosso exclusivo ponto de vista, mas baseado em factos, iremos hoje referir um varzeense dos nossos dias.

Verdadeiramente amante da freguesia que o viu nascer a 29 de Janeiro de 1912. De seu nome comppleto, António Elói Godinho, era filho de Luciano Simões Godinho, farmacêutico e de D. Leonilde da Graça Elói.

Herdou do seu pai o gosto pela farmacopeia que nunca abandonou.

Em 8 de Março de 1941 adquiriu a António de Oliveira Mendes a Farmácia Mendes, em Vilgateira, fundada em 1907, mantendo-se, segundo pensamos, ainda na posse de seus herdeiros.

Após a saída do último médico residente em Vilgateira, o Dr. Adriano de Oliveira, António Elói Godinho era o homem a quem se recorria nas aflições de saúde, não para fazer medicina que é própria dos médicos, mas para ajudar a resolver as situações de emergência. O seu conselho era tido em muita consideração.

Ajudante de farmácia encartado e com muita experiência, quando regressava de Santarém, após dia de trabalho à frente do estabelecimento comercial de que era sócio-gerente, percorria a freguesia a dar injecções a quem solicitava a sua presença a sua colaboração. Não o fazia pelo dinheiro que recebia, de que não necessitava e que na maioria das vezes não chegava para pagar a gasolina.

[Casa onde viveu nos últimos anos e de sua propriedade. Des. de JV]

António Elói, como era conhecido geralmente pelos seus conterrâneos podia ter-se fixado com facilidade na cidade de Santarém, como fizeram outros, com vantagem para si e família e não “obrigar” os filhos a acompanharem-no diariamente à cidade, onde frequentavam o ensino liceal.

Não o fez pelo amor que dedicava à sua freguesia.

Aos vinte e quatro anos faz parte da Junta de Freguesia, exercendo as funções de tesoureiro de 1936 a 1941 e de 1951 a 1954.

Dá durante cerca de trinta anos todo o seu esforço em prol da freguesia, sendo vinte na qualidade de presidente, funções que inicia em 1955 para terminar em 1974.

Nessa altura em que era extremamente difícil obter a resolução de tantos e tantos problemas que afligiam as populações, Elói Godinho, além de administrar criteriosamente os parcos rendimentos da Junta que provinham do cemitério, procura por todos os meios ao seu alcance e obtém, benefícios comunitários de muito interesse que os varzeenses não devem esquecer.

Os dois edifícios escolares existentes, para serem erguidos, muito ficaram devendo à sua acção.

Em 1963 inicia-se o fornecimento de energia eléctrica a Vilgateira e arredores, em 1968 é a vez de Perofilho e arredores e um ano depois, Charruada, Laranjeiras, Alcobacinha, Casais do Maio e Carneiria.

Em 1964 adquiriu um edifício no centro de Vilgateira para instalar a Junta de Freguesia e mais tarde a Delegação da Casa do Povo com posto médico. Na altura eram raras as Juntas que possuíam sede própria.

Também lhe pertence a iniciativa da abertura da estrada entre Vilgateira e Alcobacinha, passando pela Pisca e os Casais do Maio (1966/67).

Outra obra a que deixou o nome ligado foi o alcatroamento do troço da estrada entre o Gualdim e Vilgateira (1972). A pavimentação era para ter ficado junto da Capela de Sto. António e foi a sua pertinaz acção, que incluía o abandono do lugar, que a levou a toda a aldeia.

Todos os varzeenses conhecem a sua profícuas actividade em defesa da freguesia.

[Uma Comissão de Festas a que pertenceu. É o primeiro da esquerda. Foto cedida por sua filha D. Isabel]

Também deu o seu contributo na organização das Festas de Sto. António, principalmente no que respeitava as provas velocipédicas.

Dedicou-nos a sua amizade e o nosso conhecimento sobre a freguesia podia ter outra amplitude se ainda pudéssemos contar com o seu precioso auxílio, que estamos certos, não nos seria negado. Contudo, alguns dados apresentados nestes temas varzeenses foram por ele indicados.

Homem muito ocupado, dispunha sempre de tempo para falar sobre a sua e nossa “terra”.

Nascido na Carneiria, faleceu a 26 de Agosto de 1983 e repousa no cemitério local.