(PUBLICADO NO 11 DE JUNHO DE 1993)
As MEMÓRIAS DO MEU BAIRRO vão terminar hoje. A “Memória Última” vai ser dividida em duas partes.
Após a publicação dos primeiros números, começaram a chegar aos meus ouvidos, não as sugestões que tinha pedido mas sim pedidos de reclamação quanto a situações que se passam no bairro e que muitos dos seus moradores não aceitam.
Informámos dentro das nossas possibilidades que a temática das MEMÓRIAS nada tinha a ver com esses assuntos que afinal têm de ser postos aos órgãos autárquicos competentes das maneiras que julgarem convenientes.
Contudo, e porque conheço também alguns dos problemas e tratar-se de uma MEMÓRIA especial, vou aproveitar para chamar a atenção de quem de direito, para os problemas que me ventilaram.
O alcatroamento das ruas é muito deficiente, com buracos e remendos que naturalmente provocam desníveis e mau aspecto, As ruas do populoso e já “velho” bairro citadino, mereciam bem um tapete uniforme de asfalto.
Também é notório, por vários motivos, alguns desnivelamentos nos passeios.
Dizem-nos que há sarjetas entupidas já que a “assistência” não é feita com a regularidade desejada.
Algumas árvores secaram e não foram substituídas e outras, com um porte bastante avantajado, estão decrépitas e já não produzem a folhagem suficiente para embelezamento e proporcionar uma certa fresquidão nos dias quentes de Verão.
Um dos velhos candeeiros (lembro-me de serem colocados e chamávamos-lhe “cabeças de nabo” foi derrubado e ainda não voltou ao seu lugar!
É regra, e por falta de número suficiente, os recipientes do lixo não comportarem o mesmo e assim muito fica espalhado pelo chão.
Muitos proprietários das habitações não as caiam ou pintam há anos pelo que oferecem mau aspecto. Não haverá uma postura municipal que os obrigue?
Aqui ficam as reclamações que nos pediram para transmitir.
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[Casa do Meu Bairro onde vivi dos 2 aos 19 anos. Foto JV]
Agora iremos abordar a segunda parte.
Se existiu na primeira MEMÓRIA uma pequena nota explicativa que pensamos se justificava pois havia necessidade de indicar aquilo que nos propúnhamos realizar, hoje existe a mesma razão ao terminar o trabalho e fazer o balanço.
Como já dissemos, ao programar as MEMÓRIAS DO MEU BAIRRO, tínhamos previsto cerca de doze escritos. Afinal e como sabeis, foi para o dobro! Mas queríamos escrever mais e é compreensível que isso seria possível. Mas então porque não fazê-lo? É que escrever e para mim é algo que só se faz com prazer, é dar alguma coisa de nós, como nos dias há dias e a propósito, um velho amigo. Nem sempre existe disponibilidade para isso, tanto temporal, como mental. Além disso, o afastamento do local impede-nos de abordar alguns temas de interesse que de certo modo poderiam completar a ideia fundamental que nos norteou.
Por agora, o sótão das nossas recordações está inerte. Quem sabe se um dia despertará novamente para estes assuntos?
O mais difícil é aparecerem as ideias, quando surgem e têm conteúdo e antes da pena, a pouco e pouco vamos “pegando” as pequeninas coisas e dando corpo assim a essa ideia, procurando sempre apresentá-la com cabeça, tronco e membros, o que nem sempre conseguimos fazer.
Durante o período da publicação, que ultrapassou os seis meses, com duas únicas falhas, chegou-nos ao conhecimento que o número de leitores interessados ia aumentando e até alguns factos que muito nos sensibilizaram.
Quando as “falhas” surgiram, começaram a dizer que tinham acabado as MEMÓRIAS, o que não era verdade. Hoje sim, será a última, pelo menos desta série. Quem sabe se um dia aparecerá uma segunda?
Ao terminar as MEMÓRIAS DO MEU BAIRRO, queremos agradecer a todos aqueles que de qualquer modo as ajudaram a “construir”, tanto com as suas achegas, como com os incentivos que chegaram ao nosso conhecimento, de várias formas.
Não podemos deixar de exarar um agradecimento especial à nossa prima Anel, uma verdadeira apaixonada do bairro onde nasceu e ainda vive, tanto pela sua colaboração poética, como pelos esclarecimentos prestados e até pela ligação que acabou por estabelecer entre mim e alguns leitores, nomeadamente do bairro.
Os nossos tempos livres que gastamos nestas assuntos, irão agora para outras paragens que igualmente nos são muito queridas e que gostamos de divulgar.
Um dia regressaremos às páginas deste “velhinho” semanário, é uma ideia que não queremos abandonar