O conhecimento da existência deste guia turístico vem dos
tempos da nossa adolescência, altura em que nos começámos a interessar por estes assuntos e isto porque
líamos na imprensa local, mais propriamente, no Correio do Ribatejo referências a ele feitas pelos historiadores
locais.
Nesses tempos não havia professores que nos mandassem às
bibliotecas fazer qualquer consulta, para a realização de trabalhos,
possivelmente, isso seria considerado subversivo.
Quando passávamos na “Rua da Amargura”, olhávamos sempre
para aquele palácio onde se encontra a Biblioteca Municipal, edifício doado ao
município para esse efeito por Anselmo Braamcamp Freire, historiador e
genealogista. Tínhamos medo de subir as escadas e de perguntar fosse o que fosse.
No Liceu havia uma biblioteca, mas nunca conhecemos nenhum
aluno que lá tivesse feito qualquer leitura. Ainda hoje há quem compre
enciclopédias para encher a estante ficando assim o espaço com boa
apresentação. Um gerente de uma livraria dizia-nos que isto era vender livros a
metro!
Das poucas vezes que recorremos à biblioteca de Santarém
nunca o fizemos para consultar este livrinho, onde possivelmente existirá, pois
os motivos eram outros.
Já fizemos uma pequena referência neste espaço a José
Ozório, o autor deste guia e em que indicámos, entre outras coisas que foi
autor de um Guia de Santarém.
Acontece que recentemente num alfarrabista encontrámos o
livrinho que tivemos oportunidade de consultar e até de adquirir e que
obviamente já lemos.
No formato de 11X17 cm comporta 144 páginas, teve por
editor, J. Cardoso da Silva, Santarém e veio a público em 1924.
Abre com um mapa da cidade, é ilustrado com gravuras que já
eram do nosso conhecimento pois foram fazendo parte de várias obras editadas e
de jornais e revistas, constituindo zincogravuras, processo então usado.
Além da referência aos templos da cidade, a lugares de
interesse histórico, alude a terras circunvizinhas como Alcanhões, Almoster,
Almeirim, Alpiarça, Azóia de Baixo, Cartaxo e Vale de Santarém, além de muitas
indicações úteis e curiosas como Feiras,
mercados e romarias, Imprensa
periódica, na altura os semanários O
Debate e Correio da Extremadura,
actual Correio do Ribatejo, a Bibliografia sobre a cidade e até o
número das badaladas que indicavam em que lugar se estavam a dar os incêndios.
Nas três páginas que dedica a Santarenos ilustres, entre muitos, apenas refere João Afonso de
Santarém e Guilherme de Azevedo e apresenta fotografias dos Drs. Abel Anacoreta
e Eduardo Santos, médicos falecidos em 1913 e que foram seus amigos.
É curioso verificar que as últimas 139 páginas são ocupadas
por anúncios da mais variada origem e que nos dá a conhecer o comércio e a
indústria locais. Naturalmente que tal receita ajudou a suportar os custos da edição.