terça-feira, 9 de julho de 2013

"Guia de Santarém"


O conhecimento da existência deste guia turístico vem dos tempos da nossa adolescência, altura em que nos começámos  a interessar por estes assuntos e isto porque líamos na imprensa local, mais propriamente, no Correio do Ribatejo referências a ele feitas pelos historiadores locais.

Nesses tempos não havia professores que nos mandassem às bibliotecas fazer qualquer consulta, para a realização de trabalhos, possivelmente, isso seria considerado subversivo.

Quando passávamos na “Rua da Amargura”, olhávamos sempre para aquele palácio onde se encontra a Biblioteca Municipal, edifício doado ao município para esse efeito por Anselmo Braamcamp Freire, historiador e genealogista. Tínhamos medo de subir as escadas e de perguntar fosse o que fosse.

No Liceu havia uma biblioteca, mas nunca conhecemos nenhum aluno que lá tivesse feito qualquer leitura. Ainda hoje há quem compre enciclopédias para encher a estante ficando assim o espaço com boa apresentação. Um gerente de uma livraria dizia-nos que isto era vender livros a metro!

Das poucas vezes que recorremos à biblioteca de Santarém nunca o fizemos para consultar este livrinho, onde possivelmente existirá, pois os motivos eram outros.

Já fizemos uma pequena referência neste espaço a José Ozório, o autor deste guia e em que indicámos, entre outras coisas que foi autor de um Guia de Santarém.

Acontece que recentemente num alfarrabista encontrámos o livrinho que tivemos oportunidade de consultar e até de adquirir e que obviamente já lemos.

No formato de 11X17 cm comporta 144 páginas, teve por editor, J. Cardoso da Silva, Santarém e veio a público em 1924.

Abre com um mapa da cidade, é ilustrado com gravuras que já eram do nosso conhecimento pois foram fazendo parte de várias obras editadas e de jornais e revistas, constituindo zincogravuras, processo então usado.

Além da referência aos templos da cidade, a lugares de interesse histórico, alude a terras circunvizinhas como Alcanhões, Almoster, Almeirim, Alpiarça, Azóia de Baixo, Cartaxo e Vale de Santarém, além de muitas indicações úteis e curiosas como Feiras, mercados e romarias, Imprensa periódica, na altura os semanários O Debate e Correio da Extremadura, actual Correio do Ribatejo, a Bibliografia sobre a cidade e até o número das badaladas que indicavam em que lugar se estavam a dar os incêndios.

Nas três páginas que dedica a Santarenos ilustres, entre muitos, apenas refere João Afonso de Santarém e Guilherme de Azevedo e apresenta fotografias dos Drs. Abel Anacoreta e Eduardo Santos, médicos falecidos em 1913 e que foram seus amigos.


É curioso verificar que as últimas 139 páginas são ocupadas por anúncios da mais variada origem e que nos dá a conhecer o comércio e a indústria locais. Naturalmente que tal receita ajudou a suportar os custos da edição.