domingo, 14 de julho de 2013

Gabriel Soares de Sousa


 Teria nascido em Punhete, actual vila de Constância, por volta de 1540.

Filho de família nobre, chega ao Brasil em 1568/69 na Armada de Francisco Barreto.

Uma vez na Baía, instala nas margens do rio Jeriquiçá um engenho de açúcar e casa, vivendo por esses lados mais de dezoito anos.

O seu irmão João Coelho de Sousa, que já lá se encontrava, foi explorando o rio São Francisco e referiu-lhe a possibilidade de existência de minas preciosas. Organiza entretanto, um roteiro de minas de prata da região de Minas Gerais.

Em 1584 vem ao Reino requerendo a Filipe I a concessão dessas minas e apesar das dificuldades encontradas consegue obter. É nomeado governador e capitão-mor da conquista das Minas. Enquanto aguarda as decisões reais, escreve (1587) um tratado, “Tratado Descritivo do Brasil”e oferece um manuscrito ao Ministro Cristóvão de Moura, possivelmente, para justificar e influenciar na decisão pretendida.

Em 1591 regressa ao Brasil com o intuito de prosseguir a descoberta da rota do rio São Francisco. Faz-se acompanhar de 360 colonos e quatro religiosos carmelitas, próximo da costa Brasileira a embarcação naufragou morrendo muita gente.

Seguiu para a Baía com o auxílio do Governador Francisco de Sousa, recompôs a expedição que tinha planeado e explora as margens do rio Paraguaçu viajando pelo interior do país em busca de metais preciosos, percorrendo cerca de 600 km.

Atacado de febre, morre próximo da nascente do rio junto do seu guia índio, perto do lugar onde sete anos antes tinha sucumbido o irmão.

O seu corpo foi transportado para a Baía e depositado no Mosteiro de S. Bento. Sobre a lápide, o seguinte epitáfio “ Aqui jaz um pecador”.

O “Tratado Descritivo do Brasil”esteve inédito até ao século XIX e tem sido publicado com títulos diferentes.

O texto veio a ser conhecido por Diogo Barbosa Machado que deu notícia da existência da obra.

José Mariano da Conceição Veloso deu início à sua publicação com o título “Descrição Geográfica da América Portuguesa”, mas a edição foi interrompida. Em 1825 a Academia Real das Ciências resolveu mandar imprimi-la, seguindo-se, naturalmente, outras edições sobretudo no Brasil onde continua a ser estudada.

Constitui um manancial de informação em vários aspectos, geográficos, botânicos, zoológicos, históricos, sociais, económicos e etnográficos entre outros, retratando minuciosamente o Brasil dessa época, constituindo uma verdadeira enciclopédia.

Os críticos põem em relevo a variedade dos assuntos abrangidos, a atenção, minúcia e técnica com que os aborda, tomando em consideração os conhecimentos desse tempo.

É grande o mérito dessa obra.

Extremamente versátil, é apresentado como agricultor, comerciante, empresário, colonizador, navegador, sertanista e ao mesmo tempo como botânico, zoólogo, geólogo, etnógrafo e historiador.

Desempenhou as funções de vereador na Câmara de Salvador (da Baía).

Gabriel Soares de Sousa é considerado o mais importante cronista do século XVI sobre o Brasil, coube a Varnhagen reeditar o seu trabalho em 1851, corrigindo os erros da primeira publicação. Em 1939 reedita-se novamente havendo, entretanto, novas edições.
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O Grande Livro dos Portugueses Esquecidos, Joaquim Fernandes, Círculo dos Leitores – Temas e Debates, 2008

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

Enciclopédia Mirador Internacional, Vol. 11, São Paulo – Rio de Janeiro, Brasil, 1981

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