segunda-feira, 13 de setembro de 2010

José Manuel Casqueiro, um varzeense de têmpera

(PUBLICADO NO CORREIO DO RIBATEJO DE 24 DE SETEMBRO DE 2004)



Varzeense dos nossos dias, José Manuel Rodrigues Casqueiro nasceu a 21 de Julho de 1944 na Quinta do Freixo, freguesia da Várzea, concelho de Santarém e que pertencia a seus pais, Jacinto Falcão Casqueiro e D. Maria Isabel Costa Rodrigues.

Fez o então ensino primário na escola da sua freguesia natal e o chamado 1º ciclo no Liceu Nacional de Santarém, onde logo se mostrou um “caloiro” irreverente. Não esperou pelo 2º ciclo, para ingressar na Escola de Regentes Agrícolas de Santarém, como fez seu irmão e ingressou logo, curso que concluiu em 1971.

Era assim engenheiro técnico agrário de formação, tendo sido criado num ambiente agrícola, como era a casa de seus pais.

Exerceu funções no Centro Nacional de Fruticultura, em Alcobaça.

Cumpre o serviço militar, ingressando na Escola Prática de Cavalaria e é mobilizado para a Guiné, onde foi ferido.

Quando já trabalhava na Brigada Técnica de Santarém em 1975, é afastado dessas funções.

Bateu-se pelos direitos dos agricultores contra a “Reforma Agrária” e a hegemonia das forças políticas da esquerda radical, liderando ou participando em movimentos de contestação dos agricultores às políticas agrárias de que é exemplo marcante a agitação em Rio Maior, por ocasião do 25 de Novembro de 1975.

A sua acção veio a impedir os objectivos de ocupação de muitas propriedades rústicas.

Participa activamente na fundação da CAP (Confederação dos Agricultores Portugueses) desempenhando o cargo de secretário-geral durante vinte e quatro anos, demonstrando firmeza, determinação, frontalidade e coragem que o tornou uma figura pública conhecida em todo o País.

Homem de centro-direita, foi eleito deputado à Assembleia da República, como independente, pela AD e pelo PSD, mas nunca pelo círculo eleitoral da sua região natal.

Figura controversa, José Manuel Casqueiro sempre afirmou com clareza e frontalidade os seus pontos de vista gerando naturalmente defensores e opositores. Há quem pense que nessas alturas, para se ser ministro da agricultura, tinha que se merecer o aval de José Casqueiro!

Foi vice-presidente da Feira Nacional da Agricultura e depois presidente do conselho de administração do CNEMA (Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas) e tendo tido acção na promoção da 1ª Feira Nacional do Toiro.

Exerceu igualmente o lugar de presidente da Cooperativa dos Produtores Agrícolas de Santarém, desempenhando ultimamente, em representação da Associação dos Produtores Agrícolas da região de Rio Maior a presidência da Federação dos Produtores Florestais de Portugal.

Católico praticante, na juventude foi dirigente da Juventude Agrária Católica.

Dividia o seu tempo entre o Brasil, onde casou pela segunda vez e dirigia uma empresa de exportação de produtos de artesanato e Portugal.

Vítima de ataque cardíaco, faleceu no Brasil no dia 25 de Setembro de 2003, com cinquenta e nove anos.

O nosso conterrâneo, com quem lidámos na juventude, foi sempre um “brigão”, no bom sentido da palavra. Foi-o na juventude e pela vida fora.

Estou a vê-lo nas jogatanas de futebol, baixo e já entroncada, a lutar com fibra e raça com os “calmeirões” defensivos!

Era assim o José Manuel Rodrigues Casqueiro!

É esta a nossa pequena homenagem, na passagem do primeiro aniversário do seu falecimento.


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A Freguesia da Várzea (do concelho de Santarém)
- Achegas para uma monografia
-1990 - José Varzeano (policopiado)

Expresso Regiões de 8 de Junho de 1985

Jornal “O Ribatejo” de 2 de Outubro de 2003

Correio do Ribatejo, 3 de Outubro de 2003.