Quem não gosta de ir, pelo menos por umas horas, à freguesia que está inserta no seu documento de identificação? Poucos serão, certamente.
De vez em quando por lá aparecemos, umas vezes por iniciativa própria, outras a convite.
Num dos últimos fins de semana isso aconteceu mais uma vez, sendo protesto para uma almoçarada e ainda que nos encontrássemos satisfeitos, não resistimos à tentação de comer uma caracolada, guisada com batatas e ervilhas, que alvitrei e que foi apoiada pela maioria dos convivas.
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Às oito e meia da noite lá estávamos para degustar o petisco. Confesso que é dos pratos que mais aprecio e que costumo confeccionar. Ainda que um pouco diferente do que costumo fazer, estavam muito agradáveis e todos elogiaram o cozinheiro.
Seríamos cerca de uma dúzia de pessoas e eu era o decano. No lado oposto, estava uma sobrinha bisneta!
A maioria escolheu a caracolada, muito usada e típica dos varzeenses.
Entretanto, numa mesa ao lado, sentou-se um casal igualmente para jantar.
Em determinada altura e tendo-me eu voltado um pouco para trás, acabaram por meter conversa comigo demonstrando que me conheceriam, afirmando que eu era o José Varzeano dos escritos no Correio do Ribatejo sobre a Várzea e que quando ainda estavam no activo das suas profissões, lá para as bandas de Lisboa, se deliciavam com tais leituras sobre a freguesia das suas origens e que pacientemente foram recortando do jornal, coleccionando, o que ainda hoje acontece.
Palavra puxa palavra, não conhecia aqueles meus conterrâneos, mas conhecia, depois da explicação, os seus pais.
Durante muito tempo foi para eles intrigante o tal José Varzeano que supunham ser da Várzea mas que não conseguiam identificar. Só bem mais tarde isso aconteceu.
Para este casal e para muitos mais conterrâneos, se não fossem as croniquetas que há alguns anos venho publicando neste centenário semanário, que possui muitos assinantes e leitores na freguesia, eu passar-lhes-ia completamente despercebido, o que era naturalíssimo pois só vivi quatro anos na minha freguesia natal.
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Restará dizer que este conterrâneo brindou, a meu pedido, os presentes com três castiços fados, sendo o último o conhecido fado do embuçado.
O fado, que teve sempre cultores no Ribatejo, também se manifesta na freguesia da Várzea, concelho de Santarém.
Obrigado pelas suas palavras.