domingo, 29 de setembro de 2013

Igreja de Santa Clara



Fundado por D. Afonso III entre 1260 / 70 é templo de raiz gótica ainda que tenha sofrido deturpações no decorrer dos tempos. As clarissas resolveram trocar Lamego por Santarém.

As obras prolongaram-se por todo o século XIII e chegaram até meados do seguinte, recebendo ainda benefícios da rainha D. Isabel e do próprio D. Dinis.

A Igreja é o que resta do antigo Convento de Santa Clara. É de estilo gótico e três naves, sendo a central mais elevada e iluminada por janelas geminadas. A separação das naves é feita por 6 arcos que assentam em pilares prismáticos e colunas acostadas.

Tem 72 metros de comprimento e 18 de altura, sendo considerada em Portugal de invulgares dimensões.

A capela-mor é servida por abóbada gótica de nervuras cruzadas e a claridade é fornecida por cinco janelas geminadas.

Uma cachorrada de pequenas dimensões percorre todo o edifício.

A fachada principal não tem portada, cumprindo assim a regra dos edifícios de clausura, mas possui uma rosácea octogonal, cujos raios se identificam com colunelos partidos que se reúnem em arcos trilobados constituindo uma peça de fino recorte. Por cima, em pedra, as cinco quinas do rei Bolonhês.

D. Leonor Afonso, filha bastarda de D. Afonso III e de Elvira Esteves “mulher de condição baixa”, depois de casar duas vezes, ingressa como freira neste convento, onde faleceu a 26 de Fevereiro de 1291 e ficou sepultada. É possível que esse facto tivesse motivado um maior auxílio de seu pai e de seu irmão, D. Dinis, além da sua protecção pessoal já que não tinha descendentes.

A sua memória era guardada com sinais de santidade.

O seu túmulo original, com alguma aproximação ao de D. Dinis no Mosteiro de Odivelas, foi descoberto aquando das obras de restauro (1937).

O Padre Luís Montês Matoso, na sua Santarém Ilustrada, (1738) descreve no Capítulo XX o Mosteiro de Santa Clara de que anotámos: os altares estão cheios de imagens entre as quais um Santo Cristo dos Passos que com ele fazem sua procissão pelos claustros do mosteiro com sermões e calvário na igreja na sexta-feira de Quaresma. Outra imagem de grande devoção é a de Nossa Senhora da Conceição.

O mosteiro é vítima de dois fogos, um em 18 de Agosto de 1638, que durou dois dias e o outro em 18 de Abril de 1669, que consumiram parte substancial do seu recheio, o que se salvou do primeiro, é vítima do segundo, sendo a igreja a parte menos afectada.

Quando do 1º, as religiosas foram recolhidas na Igreja de S. Francisco seguindo depois para o Mosteiro de S. Domingos das Donas.


Quando morreu a última freira, D. Maria Inocência Xavier Leite, em 1902, as instalações ficaram expostas aos mais variados apetites e houve venda e compra do seu recheio. Depois foi aproveitado para arrecadação militar e mais tarde abandonado.

É despojada do retábulo quinhentista de Diogo de Contreiras, do cadeiral do coro, dos altares em talha, dos painéis de azulejos e das esculpas barrocas de madeira.

O restauro que a deixou com o aspecto actual, teve lugar de 1934 / 40. A reabertura ao culto deu-se no dia 10 de Junho de 1440 com a presença do Cardeal Patriarca D. Manuel Gonçalves Cerejeira.


Está classificada como Monumento Nacional.
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Santarém – História e Arte, Joaquim Veríssimo Serrão, colaboração artística de Braz Ruivo, 2ª Edição, 1959.

Santarém Ilustrada, Luís Montês Matoso (Transcrição do texto e estudo introdutório, Martinho Vicente Rodrigues) Junta de Freguesia de Marvila, 2011.

História e Monumentos de Santarém, Zeferino Sarmento, C.M. de Santarém, 1993.