Fundado por D. Afonso III entre 1260 / 70 é templo de raiz
gótica ainda que tenha sofrido deturpações no decorrer dos tempos. As clarissas resolveram trocar Lamego por
Santarém.
As obras prolongaram-se por todo o século XIII e chegaram
até meados do seguinte, recebendo ainda benefícios da rainha D. Isabel e do
próprio D. Dinis.
A Igreja é o que resta do antigo Convento de Santa Clara. É
de estilo gótico e três naves, sendo a central mais elevada e iluminada por
janelas geminadas. A separação das naves é feita por 6 arcos que assentam em
pilares prismáticos e colunas acostadas.
Tem 72
metros de comprimento e 18 de altura, sendo considerada
em Portugal de invulgares dimensões.
A capela-mor é servida por abóbada gótica de nervuras
cruzadas e a claridade é fornecida por cinco janelas geminadas.
Uma cachorrada de pequenas dimensões percorre todo o
edifício.
A fachada principal não tem portada, cumprindo assim a regra
dos edifícios de clausura, mas possui uma rosácea octogonal, cujos raios se
identificam com colunelos partidos que se reúnem em arcos trilobados
constituindo uma peça de fino recorte. Por cima, em pedra, as cinco quinas do
rei Bolonhês.
D. Leonor Afonso, filha bastarda de D. Afonso III e de
Elvira Esteves “mulher de condição baixa”, depois de casar duas vezes, ingressa
como freira neste convento, onde faleceu a 26 de Fevereiro de 1291 e ficou
sepultada. É possível que esse facto tivesse motivado um maior auxílio de seu
pai e de seu irmão, D. Dinis, além da sua protecção pessoal já que não tinha
descendentes.
A sua memória era guardada com sinais de santidade.
O seu túmulo original, com alguma aproximação ao de D. Dinis
no Mosteiro de Odivelas, foi descoberto aquando das obras de restauro (1937).
O Padre Luís Montês Matoso, na sua Santarém Ilustrada, (1738) descreve no Capítulo XX o Mosteiro de
Santa Clara de que anotámos: os altares estão cheios de imagens entre as quais
um Santo Cristo dos Passos que com ele fazem sua procissão pelos claustros do
mosteiro com sermões e calvário na igreja na sexta-feira de Quaresma. Outra
imagem de grande devoção é a de Nossa Senhora da Conceição.
O mosteiro é vítima de dois fogos, um em 18 de Agosto de
1638, que durou dois dias e o outro em 18 de Abril de 1669, que consumiram
parte substancial do seu recheio, o que se salvou do primeiro, é vítima do
segundo, sendo a igreja a parte menos afectada.
Quando do 1º, as religiosas foram recolhidas na Igreja de S.
Francisco seguindo depois para o Mosteiro de S. Domingos das Donas.
Quando morreu a última freira, D. Maria Inocência Xavier
Leite, em 1902, as instalações ficaram expostas aos mais variados apetites e
houve venda e compra do seu recheio. Depois foi aproveitado para arrecadação
militar e mais tarde abandonado.
É despojada do retábulo quinhentista de Diogo de Contreiras,
do cadeiral do coro, dos altares em talha, dos painéis de azulejos e das
esculpas barrocas de madeira.
O restauro que a deixou com o aspecto actual, teve lugar de
1934 / 40. A
reabertura ao culto deu-se no dia 10 de Junho de 1440 com a presença do Cardeal
Patriarca D. Manuel Gonçalves Cerejeira.
Está classificada como Monumento Nacional.
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Santarém – História e
Arte, Joaquim Veríssimo Serrão, colaboração artística de Braz Ruivo, 2ª
Edição, 1959.
Santarém Ilustrada,
Luís Montês Matoso (Transcrição do texto e estudo introdutório, Martinho
Vicente Rodrigues) Junta de Freguesia de Marvila, 2011.
História e Monumentos
de Santarém, Zeferino Sarmento, C.M. de Santarém, 1993.