domingo, 11 de outubro de 2009

D. Fernando, o Infante Santo



O oitavo filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, nasceu nos Paços Reais da Vila de Santarém, no dia 29 de Setembro de 1402.

Quando o Infante D. Pedro, seu irmão, saiu do país em viagens, correndo Mundo, confiou-lhe o governo de sua casa.

Foi testemunha do contrato de casamento do irmão, D. Duarte, com D. Leonor, filha do rei de Aragão, acto matrimonial que se realizou em Coimbra, em 1428.

D. Duarte fez-lhe mercê do mestrado e governo da Ordem de Avis, juntando aos bens que possuía como Senhor das vilas de Salvaterra de Magos e de Atouguia da Baleia.
Era homem dado à leitura tendo protegido o cronista Fernão Lopes, assim como Frei João Álvares, um torrejano que já referimos, que foi seu secretário e confessor e veio a ser o seu biógrafo.

Parece que o infante D. Fernando ficou descontente com a repartição de bens pelos irmãos, pois achava-se desfavorecido, revelando por isso a intenção de abandonar o Reino.

O papa Eugénio IV pretende oferecer-lhe a mitra cardinalícia mas não aceita por lhe parecer coisa de grande carrego de consciência.

O irmão D. Henrique falou-lhe nos projectos de conquistas no Norte de África, aos quais aderiu, partindo para Ceuta a 22 de Agosto de 1437, com D. Henrique e o objectivo de conquistar Tânger.

Ao desastre militar seguiu-se a prisão do infante D. Fernando que ficou como refém, enquanto Ceuta não fosse devolvida.

As opiniões dividiam-se, acabando por triunfar a da não entrega de Ceuta, na qual se engloba o Infante D. Henrique.
O príncipe que foi transferido para Arzila e depois para Fez, onde veio a falecer em condições degradantes, a 5 de Julho de 1443, ficou conhecido na história, devido a esse facto. Como o Infante Santo.

Criou-se a lenda de que o infante, se declarava feliz por graças ao sacrifício de um homem, Ceuta continuar sendo portuguesa.

Em 1471, os seus restos mortais foram resgatados sendo sepultados no Mosteiro da Batalha.

Santarém prestou homenagem a este seu ilustre filho erigindo-lhe um monumento da autoria de Mestre Leopoldo de Almeida, numa praça da cidade.
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Dicionário de História de Portugal, Vol.II, dir. Joel Serrão
Dicionário Ilustrado da História de Portugal, Vol. I, dir. J.Hermano Saraiva, Edição Alfa.