terça-feira, 4 de outubro de 2011

Martim de Ocem



Era filho mais velho do Dr. Gil de Ocem, chanceler-mor do Reino, que foi como embaixador a Castela, em 1371 para confirmação das pazes feitas entre D Henrique II de Castela e D. Fernando I de Portugal e de D. Brites Anes Nogueira.

O nome de família aparece designado por Ocem, Docem ou d
o Sem, pelo menos foram estes que encontrámos.

Veio a casar com D. Maria da Cunha, filha de Gil Vasques da Cunha, Alferes-mor do Reino e de D. Joana (ou Isabel) Pereira.

Doutor em Leis, do Conselho de D. João I e seu chanceler-mor e igualmente do Conselho do infante D. Duarte, seu filho, e governador da sua casa.

Tomou parte na conquista de Ceuta e sendo então armado cavaleiro.

Era considerado pelo rei D. João I pessoa de muito saber e por isso muito estimado e encarregado de missões diplomáticas importantes.

Foi enviado em 1400 como embaixador a Henrique de Castela, a fim de cimentar as pazes entre os dois reinos. Devido a dificuldades surgidas nas negociações e em que D. Henrique era representado pelo Cardeal de Avinhão, vem a Lisboa para receber conselhos, acertar detalhes e concluir as negociações que vieram a ter lugar em Segóvia tendo originado tréguas por um período de 10 anos.

Em 1404 D. João I envia-o novamente como seu embaixador a Londres para ratificar a aliança com Henrique IV que tinha sucedido a Ricardo II de que se saiu com êxito.

Volta a Inglaterra no ano seguinte para tratar do casamento de D. Brites, filha bastarda de D. João I, com D. Tomás, Conde de Arundel, o que se veio a firmar em 7 de Fevereiro daquele ano.

É enviado por várias vezes como embaixador a Castela no sentido de tratar novamente de pazes que vieram a ter lugar mais tarde.

Martim de Ocem assiste em Coimbra, a 4 de Novembro de 1428, como testemunha, ao casamento do Príncipe D. Duarte, depois rei de Portugal e de D. Leonor de Aragão.

Testemunhou em primeiro lugar no documento que se passou dos desposórios da infanta D. Isabel, irmã de D. Duarte, com Filipe, duque de Borgonha, por seus procuradores, em Lisboa no ano de1429.

D. João I contemplou-o no seu testamento com várias mercês devido aos valiosos serviços prestados.



João de Ocem, seu sobrinho, filho de sua irmã D. Isabel de Ocem e de Álvaro Fernandes de Almeida, alcaide-mor de Torres Novas, tomou este apelido pelo morgado que herdou de seu tio falecido em 27 de Fevereiro de 1431 e foi sepultado na igreja do convento de S. Domingos, em Santarém e na capela de S. Pedro, que se situava à esquerda da capela-mor. Também aqui se encontravam os túmulos de seu pai, Gil de Ocem e de seu sobrinho, João de Ocem.

[Desaparecida Igreja do Convento de S. Domingos, em Santarém]

Com a demolição da Igreja por volta de meados dos anos 70 do século XIX, os três túmulos foram colocados na Igreja da Piedade e foram expostos no Museu de São João de Alporão em 1889, onde ainda se encontram. A divisa dos Ocem era faze, teu dever
e que se encontra esculpida em caracteres góticos na arca tumular jacente do Dr. Martim de Ocem..

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Portugal – Dicionário Histórico (...) Ed. em papel de João Romano Torres, 1900-1915 – Ed. electrónica de Manuel Amaral, 2000 – 2010.

Santarém – Princesa das Nossas Vilas, A. Areosa Feio, Editor: J. Cardoso da Silva, Santarém, MCMXXIX

Santarém – História e Arte, Joaquim Veríssimo Serrão, 2ª Edição, 1959

História e Monumentos de Santarém, Zeferino Sarmento, 1993

S. João de Alporão – Na História, Arte e Museologia, Edição da Câmara Municipal de Santarém, 1994