Das maiores figuras nascidas em Santarém, viu a luz do dia a 26 de Setembro de 1795, sendo filho primogénito do desembargador Faustino José Lopes Nogueira de Figueiredo e de D. Francisca Xavier de Sá Mendonça Cabral da Cunha Godolphim, recebendo o sacramento do baptismo na desaparecida Igreja de O Salvador.
Assenta praça como voluntário no Regimento de Cavalaria nº
11, em 1810, sendo logo promovido a cadete e a alferes em Dezembro do mesmo
ano.
Distingue-se nas Guerras Peninsulares pela sua bravura e foi
ferido gravemente em França na batalha de Gers, tendo sofrido várias cutiladas
na cabeça deixando-o como morto.
Assinada a Paz em 1814, regressa à pátria quase surdo
motivado pelos golpes de que foi alvo.
Pediu licença para estudos, regressando ao serviço militar
em 1820.
Cedo abraçou as ideias liberais, revoltando-se contra os
morticínios do Campo de Sant `Ana e da Torre de S. Julião da Barra. Uma vez em
Paris, matricula-se na Universidade, onde tirou o curso de engenheiro.
Quando D. Miguel se faz aclamar rei absoluto, Sá Nogueira
vê-se na necessidade de emigrar para a Galiza, pois os liberais são derrotados
nos combates de Ega, Cruz de Marouços e Vouga, passando depois para Inglaterra.
Ao saber que a ilha da Madeira se tinha levantado a favor de
D. Pedro, embarca para lá, mas encontra a revolta subjugada, pelo que segue
viagem para o Brasil. Depois de conferenciar com D. Pedro, regressa à
Inglaterra para se juntar aos seus correligionários.
Sabendo que o seu camarada de armas e de ideais políticos,
António José Menezes Severiano de Noronha, mais tarde Duque da Terceira, se
encontrava nesta ilha, para lá embarca e ajuda a ocupar todo o arquipélago,
entrando nos combates do Pico, S. Jorge, Faial, S. Miguel e no combate da
Ladeira-a-Velha onde os miguelistas são totalmente destroçados.
Casa onde nasceu Sá da Bandeira. Foto JV, 2011 |
Organizada a expedição do Mindelo, Bernardo de Sá acompanha D. Pedro como seu ajudante-de-campo e é enviado por este para conferenciar com o General José Cardoso no sentido de deixar efectuar o desembarque e reconhecesse o legítimo governo de Portugal. Não o conseguiu regressando a bordo, mas o desembarque faz-se no dia 8 de Julho de 1832 e no dia seguinte o exército liberal entrava na cidade do Porto.
Na defesa desta cidade e no Alto da Bandeira, em Gaia,
batendo-se com heroicidade, como sempre fez, é ferido num braço que teve de ser
amputado. Foi agraciado com o título de Barão de Sá da Bandeira em 4 de Abril
de 1833.
É por sua influência nas hostes liberais que é recrutado o
almirante inglês Napier, que veio a ter acção decisiva nos acontecimentos a
nível naval.
Depois da ocupação de Lisboa pelo exército liberal, é
nomeado governador da praça de Peniche, cargo de que é exonerado, pois foi
nomeado comandante de operações no Algarve onde predominavam as guerrilhas
miguelistas.
Após a Convenção de Évora-Monte e já brigadeiro, é agraciado
com o título de Visconde em recompensa pelos serviços prestados à causa
liberal.
Praça Sá da Bandeira. Anos 40 |
As qualidades de Sá da Bandeira não se restringiram às militares pois também entrou na luta política e parlamentar. A ele se deve o malogro da Belenzada movimento cartista contra a Revolução de Setembro que tinha implantado a Constituição de 1822.
O período político que se seguiu foi muito movimentado e Sá
da Bandeira nele se encontrou para defender os seus ideais políticos.
Presidiu várias vezes os ministérios.
Deixou publicadas obras de interesse em vários ramos.
Foi elevado a 1º Marquês de Sá da Bandeira em 3 de Fevereiro
de 1864.
Foi fidalgo da Casa Real, Conselheiro de Estado, Comendador
da Ordem da Torre e Espada, Grã-Cruz da de Cristo, Rosa do Brasil, Leopoldo da
Bélgica, Carlos III e Isabel a Católica de Espanha, etc.
Faleceu em Lisboa a 26 de Setembro de 1795, por isso, com 80
anos e por sua vontade expressa, foi sepultado em campa rasa no cemitério da
terra onde nasceu e que por sua iniciativa foi elevada a cidade como era de
todo o merecimento.
A cidade levantou-lhe, em frente da casa onde nasceu, uma
estátua em bronze que constitui monumento valioso e que perpetua a sua memória.
Os sinos da Igreja Matriz de S. Salvador, templo onde foi
baptizado, após o seu derrube devido a um terramoto, foram utilizados na
feitura do monumento.
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Monumentos e Lendas de Santarém, Zephyrino N. G. Brandão, Lisboa, 1883.
Enciclopédia Histórica de
Portugal, Dir. Duarte de Almeida, Vol. 11, Ed. João Romano Torres & cª,
Lisboa, 1938.
Santarém lenda e história, Eugénio de Lemos, Santarém, 1940.
Santarém na História de Portugal, Joaquim Veríssimo Serrão, Santarém, 1950.
Santarém, História e Arte,
Joaquim Veríssimo Serrão, Santarém, 1959 (2ª Edição).
Santarém no tempo, Virgílio Arruda, 1971.